O presidente americano George W. Bush sancionou a lei que prevê a construção de uma barreira de cerca de 1.100 km na fronteira entre os Estados Unidos e o México.
Os que apóiam a lei nos EUA afirmam a barreira seria importante para lidar com o problema da imigração ilegal.
Mas o presidente mexicano, Vicente Fox, chegou a comparar a barreira ao Muro de Berlim e vários países da América Central também são contra.
Confira abaixo os principais pontos da polêmica que envolve a construção do muro entre EUA e México.
O que afirma a lei do muro?
A lei determina a construção de uma barreira dupla de cerca de 1,1 mil km fechando parte dos 3.300 km da fronteira entre EUA e México.
Ela foi aprovada no dia 14 de setembro de 2006 pela Câmara dos Representantes e, no dia 29 do mesmo mês, pelo Senado, sem nenhuma modificação.
Por fim, o presidente George W. Bush a sancionou nesta quinta-feira.
Analistas chamaram a lei de lei "casca de ovo", pois ela não inclui verbas para a construção do muro.
Quanto vai custar a barreira?
Os republicanos afirmam que o custo ficará acima de US$ 2 bilhões.
Os democratas, por sua vez, garantem que o muro terá um custo de US$ 7 bilhões, levando em conta informações do Departamento de Segurança Interna, que fez o cálculo de quanto custaria a construção da barreira dupla por cada milha (1,6 km).
De onde podem sair as verbas para a construção?
O muro poderia ser financiado com a Lei de Concessão de Orçamento Federal para o Departamento de Segurança Nacional relativa ao ano fiscal de 2007.
Esta lei foi promulgada por George W. Bush no dia quatro de outubro de 2006. A assinatura dela gerou confusão com a lei do muro, que ainda não tinha sido promulgada.
Esta lei de concessão inclui mais de US$ 33 bilhões para programas de segurança, dos quais US$ 1,2 bilhão "podem" ser destinados para a construção do muro ou para outras medidas de segurança na fronteira.
Por que um muro deve ser construído na fronteira?
Para os críticos, o muro servirá para "tapar o sol com a peneira". O muro vai cobrir apenas um terço da fronteira com o México.
Atualmente, apenas 120 km da fronteira estão demarcados, com cercas.
Apesar de ser "vendido" como um projeto que protegerá os EUA, ele não prevê a construção de uma barreira entre EUA e o Canadá.
Apesar de não se colocarem em acordo, as duas partes do debate insistem na necessidade de uma solução para o problema, já que o fluxo migratório aparenta continuar crescendo.
Segundo o Instituto de Política Migratória, o gasto dos EUA com o controle fronteiriço cresceu dos US$ 700 milhões em 1986 para cerca de US$ 3 bilhões em 2006.
Mas estes dólares não ajudaram a parar a imigração ilegal, segundo dados do mesmo instituto, já que o número de imigrantes ilegais crescreu de quatro milhões (em 1986) para os cerca de 12 milhões atuais.
Qual é a posição da Casa Branca?
O presidente George W. Bush queria uma reforma muito mais ampla nas leis de imigração, que incluía a legalização dos 12 milhões que estão sem documentação regularizada e que vivem no país.
Mas a ala conservadora de seu partido qualificou a legalização de anistia a pessoas que desrespeitaram a lei [ao entrar ilegalmente no país]. O presidente nunca conseguiu que o Congresso, com maioria republicana, se colocasse de acordo para aprovar uma reforma nas leis de imigração.
Qual é o impacto humano que deve ter a barreira?
Se o muro for construído, as rotas que ainda ficarão abertas provavelmente serão apenas as mais perigosas. Com isso, os casos de mortes poderão aumentar.
Segundo a patrulha de fronteira americana, em 2005, 460 imigrantes morreram tentando ir para os Estados Unidos, o que superou o recorde de 2000, com 383 mortos. Estes números não são considerados completamente precisos.
Além disso, uma investigação do Centro de Investigação Pew mostra que quase 50% dos imigrantes sem documentos não entram nos Estados Unidos ilegalmente pelas fronteiras, mas com vistos de turistas ou de trabalho temporário.
A medida tem algum teor político?
Para muitos analistas, não há dúvidas de que se trata de uma medida eleitoral. Os republicanos querem mostrar mão-de-ferro para resolver o problema da imigração ilegal.
Mas não eles foram os únicos. Alguns democratas (incluindo a ex-primeira dama Hillary Clinton, potencial candidata à Presidência americana em 2008) também apoiaram a lei do muro.
Da BBC