Defesa de Nikolas Cruz busca evidências sobre acusação do tiroteio em Parkland
Onde estavam seus filhos
Quando Nikolas Cruz entrou na escola portando uma arma AR-15, disparou o alarme de incêndio para os alunos saírem das salas de aula. Uma menina que desceu a escada na frente, deu de cara com o atirador. Ela voltou correndo, pedindo para todos voltarem para as salas de aula. O professor de geografia Scott Beigel abriu a porta para que Júlia e mais 14 alunos entrassem. Quando foi fechar a porta, ele levou um tiro fatal. “A sala da Júlia foi a única que ficou aberta porque o professor caiu e travou a porta. Eles ficaram todos escondidos atrás da mesa dele. Foi por Deus que Nikolas não entrou na sala... se não minha filha não estaria aqui e ele teria matado mais 15 pessoas”, disse sua mãe, Flávia. “Quando fiquei sabendo, demorei uma meia hora para conseguir falar com minha filha. Foi angustiante. Quando ela finalmente respondeu minha mensagem, pediu que eu rezasse porque seu professor estava morto. A polícia só a retirou de dentro da sala uma hora mais tarde”. Apesar de ser aluno do high school, Vitor, filho de Daniela, não estava no prédio no momento do tiroteio. Já Manuela, que não estudava no prédio onde ocorreu o massacre, estava no prédio ao lado. Mas como a polícia não sabia ainda se havia mais de um atirador, em vez de sair às 2:40pm, Manuela só saiu às 6pm. “Ninguém sabia de nada. Foi bem estressante”.EUA divulgam guia para prevenção de ataques e tiroteios em escolas
Ajuda psicológica
Júlia ainda está muito traumatizada, de acordo com sua mãe, Flávia. “Tivemos muita assistência do governo, ela ainda está em terapia. Agora, na quinta-feira (14) faz um ano e ela ainda não está bem”. Na família de Daniela, o mais abalado foi seu filho mais novo, de 9 anos. Ele estuda em outra escola, mas ficou muito impressionado. “Eu acho que o americano tem essa cultura de cultuar que é diferente da nossa. Por meses após o tiroteio havia um memorial em frente à escola com ursinhos, flores. As crianças sentiam-se em um cemitério. Estávamos fazendo um esforço de continuar seguindo em frente”, analisou Daniela, que ainda conta com ajuda psicológica.Treinamentos
Júlia não quis mudar de escola. Ela tem um grupo de mais ou menos 20 amigos brasileiros que são muito unidos. “Ela gosta da escola, mas mesmo assim é muito ruim ir para a escola. Durante todo esse período houve muitos disparos acidentais do alarme de incêndio, muitas crianças entraram em choque. Esse é um processo bem complicado e eles são apenas crianças com idade entre 14 a 18 anos. Está sendo ainda um período bem complicado, mas vamos dar a volta por cima”. Daniela relatou aumento nos treinamentos, mas quase em overdose. “Os treinamentos para atirador ativo por um tempo foram quase diários. Nem sempre eles avisam que vai ter, então minha filha e seus colegas têm passado por muitas situações de stress e muitos começam a chorar”, disse. “Tanto as escolas quanto a cidade de Parkland têm agora um excesso de policiamento. Vemos polícia em todo o lugar. Isso é positivo, porém também negativo porque isso nos relembra o tempo todo do ocorrido”. Daniela diz que sabe que seus filhos jamais gostariam de voltar para o Brasil, mas ela diz que tem vontade de pelo menos se mudar para Orlando.“Mães de Parkland”
Flávia e Daniela fazem parte de um grupo de apoio de mães brasileiras, chamado “Mães de Parkland”. O grupo se formou dias após o tiroteio e o Consulado Brasileiro disponibilizou apoio psicológico, assim como o Centro Comunitário Brasileiro. Muitas famílias continuam recebendo ajuda.Mudanças
Tanto Flávia quanto Daniela veem o aumento do policiamento e melhor monitoramento da segurança. Mas ainda há muitas falhas. “Eu acho por exemplo que todos os carros que têm acesso à escola deveriam ter um adesivo de identificação, além de outros pontos. Mas o grande problema está no controle da posse de armas”, opinou Flávia. “Eu acho que deveria ser obrigatório todas as pessoas que possuem armas terem que fazer exames psicológicos”. Quando à falta de preparo da escola e da polícia para lidar com o massacre, Flávia diz ser inaceitável. “Infelizmente, isso (tiroteios) é uma coisa que existe aqui nos Estados Unidos. Então eles precisam estar preparados. Sabemos que não irá haver um desarmamento nos EUA, mas pelo menos precisa ter um controle maior de quem porta uma arma. Só falaremos em uma solução do problema quando a lei for mais vigorosa em relação ao porte de armas. Se há treinamento dentro da escola para o caso de um atirador ativo, como não sabiam que isso poderia acontecer?” Leia mais sobre o ataque à escola nos links abaixoFamílias dos mortos no tiroteio da Stoneman Douglas receberão US$ 400.000
Após tiroteio, Marjory Stoneman Douglas High School retoma atividades
Jogo de videogame que simula tiroteio em escola irrita pais de Parkland
Doações para a NRA triplicaram após tiroteio em Parkland