Um surto de gafanhotos que já afeta pelo menos 15 Estados vem provocando devastação em lavouras e pastagens no Oeste americano, competindo por comida com o gado e deixando um rastro de milhões de dólares em prejuízos.
O surto está causando preocupação entre os agricultores em todo o oeste, de Utah a Wyoming e Montana, que estão preocupados com suas safras e meios de subsistência.
Esses insetos são nativos da região e sua população costuma ser controlada. Mas, segundo cientistas, houve uma explosão neste ano, agravada pela seca e ondas de calor históricas.
Funcionários da agricultura viram a infestação deste ano chegando, depois que uma pesquisa de 2020 descobriu densas concentrações de gafanhotos adultos em cerca de 55.000 milhas quadradas (141.000 quilômetros quadrados) no oeste. Um “mapa de risco” de 2021 gafanhotos mostra densidades de pelo menos 15 insetos por jarda quadrada (metro) em grandes áreas de Montana, Wyoming e Oregon e porções de Idaho, Arizona, Colorado e Nebraska.
O Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal (Animal and Plant Health Inspection Service), agência ligada ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos responsável pelo controle de doenças e pragas, já tratou mais de 325 mil hectares com inseticidas, em uma campanha de supressão da população de gafanhotos e dos chamados grilos Mórmons (Anabrus simplex), que também são comuns na região e vêm causando danos semelhantes neste ano.
De acordo com o diretor de política nacional da APHIS, Bill Wesela, esse tratamento vai proteger mais de 650 mil hectares, mas ainda há várias outras ações programadas em diversos Estados, à medida que mais agricultores e pecuaristas pedem ajuda à agência para controlar o problema.
Wesela lembra que a última grande campanha de supressão de gafanhotos na região foi em 2010, quando o surto de gafanhotos foi a maior dos últimos 35 anos. Na época, mais de 400 mil hectares foram tratados, o suficiente para proteger 800 mil hectares.
A total magnitude do problema neste ano só ficará clara dentro de alguns meses.
"A infestação deste ano ainda está evoluindo e não estará completa até o final do verão (no Hemisfério Norte)", diz Wesela à BBC News Brasil.
Wesela ressalta que ainda é cedo para estimar os custos totais da campanha e os prejuízos provocados pelo problema neste ano. Mas os danos já são visíveis, especialmente em pastagens e lavouras irrigadas.
No caso da pecuária, Wesela ressalta que a redução do volume de pastagem para alimentar o gado obriga os produtores a gastar na compra de alimentação suplementar ou até mesmo vender seus rebanhos a preços reduzidos.
Os insetos também podem devastar plantações de alfafa, milho, trigo e cevada e reduzir o habitat e as fontes de alimentação para os animais selvagens da região. Além disso, provocam danos à fruticultura e à apicultura.
"Gafanhotos e grilos Mórmons são componentes naturais do ecossistema (nesta região dos EUA), mas quando suas populações atingem níveis de surto eles causam graves perdas econômicas aos recursos agrícolas, particularmente em condições (climáticas) quentes e secas", observa Wesela.
Entre os Estados mais afetados estão Montana, Wyoming e Oregon, onde o departamento estadual de Agricultura vem recebendo relatos de grandes populações de gafanhotos em diversas áreas.
"Pelo menos metade dos condados na parte Leste do Estado já registram enormes populações de gafanhotos", diz à BBC News Brasil o entomologista Helmuth Rogg, diretor do programa de plantas do Departamento de Agricultura de Oregon.
"Recebemos ligações de motoristas relatando que os insetos estão atingindo os para-brisas e os radiadores dos carros", conta Rogg, prevendo que o surto neste ano será "épico". Com informações da BBB News.