Uerj fará rastreamento de retinopatia diabética para zerar fila do SUS

Por Agência Brasil

Entrada dos candidatos para o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino M..dio (Enem) 2020, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro(UERJ), na zona norte do Rio.

Com o objetivo de auxiliar no atendimento à demanda reprimida de atendimentos e procedimentos de diagnósticos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), provocada pela pandemia da covid-19, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) decidiu iniciar um rastreamento de pacientes com retinopatia diabética (RD), a partir de março, com a meta de zerar a fila do SUS. 

A retinopatia diabética é uma doença ocular grave e que pode levar à cegueira se não for tratada corretamente. Ela é uma das manifestações da Diabetes Mellitus, sendo considerada a maior causa de cegueira na população trabalhadora, abaixo dos 50 anos de idade.

O reitor da Uerj, Ricardo Lodi, disse hoje (11) que o objetivo principal, no momento, é implementar um protocolo de rastreamento que possa agilizar a detecção dos casos de RD por meio de telemedicina e sistema de inteligência artificial (IA), de modo a diminuir a demanda reprimida de pacientes em lista de espera para exame de retina e de consulta com oftalmologistas. 

“Queremos zerar essas solicitações e, posteriormente, implantar uma forma de atendimento eficiente que possa evitar essa longa espera. Nosso objetivo é prestar um atendimento de qualidade a toda a população do estado, pois a Uerj tem compromisso com a saúde da população”, disse o reitor.

Procedimentos

De acordo com levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia divulgado, em 2021, cerca de 2,3 milhões de procedimentos para diagnosticar a retinopatia diabética deixaram de ser realizados na rede pública entre janeiro e setembro de 2020, por conta da pandemia da covid-19. Os atendimentos só começaram a ser normalizados no ano passado.

Rastreamento

O trabalho da Uerj começará rastreando pacientes já cadastrados no sistema e que são moradores da região da Tijuca, Praça da Bandeira, Alto da Boa Vista, Vila Isabel, Maracanã, Andaraí e Grajaú, bairros da zona norte do Rio de Janeiro. Os exames serão realizados por médico oftalmologista especialista em retina e técnicos em oftalmologia capacitados.

Os exames de retinografia serão realizados no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) e na Policlínica Piquet Carneiro (PPC). O laudo e o encaminhamento serão enviados por mensagem e e-mail para todos os pacientes.

A Uerj informou que os exames serão agendados por mensagens eletrônicas ou contato telefônico. Em um turno de quatro horas, serão agendados 16 pacientes, sendo quatro pacientes por hora. No primeiro mês, o projeto será iniciado com um retinógrafo no Hupe para treinamento dos técnicos em oftalmologia e dois turnos de trabalho por semana, o que vai totalizar 32 pacientes por dia e 128 pacientes por mês. Posteriormente, serão utilizados dois retinógrafos simultaneamente, no Hupe e na PPC, elevando a capacidade de atendimento para 224 pacientes em um mês.

Expectativas

A expectativa da direção da Uerj é que esse projeto piloto demonstre a efetividade do rastreamento da RD através da telemedicina e IA, com tratamento oportuno e precoce dos casos graves e prevenção de casos de cegueira, e que o serviço de tele-oftalmo Rio, na UERJ, possa ser expandido para outras regiões da cidade e do estado do Rio de Janeiro.

O reitor Ricardo Lodi lembrou que o serviço de oftalmologia no Hospital Pedro Ernesto é referência no estado para o tratamento das doenças da retina, realizando uma média mensal 220 atendimentos de pacientes com doenças da retina, 120 tratamentos a laser, 30 exames de angiografia fluoresceínica e 400 injeções intravítreas, além de, aproximadamente, 20 cirurgias de vitrectomias. 

Procurada pela Agência Brasil para dar informações sobre a fila de pacientes com retinopatia diabética no SUS, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informou que os pacientes são cadastrados no Sistema de Regulação (Sisreg) pelo procedimento ou linha de cuidado indicados para cada caso e não pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, conhecida como CID. “Desta forma, não é possível saber pelos dados do sistema quantos e quais são os pacientes que apresentam a retinopatia diabética. Eles podem estar inseridos no Sisreg para diversos procedimentos nos quais pessoas que não têm a retinopatia diabética também estão”, esclareceu a secretaria.