O título mundial de boxe feminino na categoria peso-palha foi decidido nesta segunda-feira dentro em uma prisão tailandesa.
O motivo é simples: enquanto uma das lutadoras - Nanako Kikuchi - viajou do Japão para Bancoc para participar da disputa, a outra contendora simplesmente teve que deixar sua cela pra entrar no ringue.
A tailandesa Nongmai Sor Siriporn, de 26 anos, cumpre pena de seis anos de prisão por crimes relativos a tráfico de drogas.
Apesar disso, as autoridades penitenciárias tailandesas e o Conselho Mundial de Boxe afirmam que a pena de Siriporn não a impedia de disputar o título e liberaram a luta.
Transmissão ao vivo
A luta no Instituto Correcional de Pathum Thani foi transmitida ao vivo pela televisão tailandesa e atraiu a atenção de vários boxeadores famosos, além de grande audiência.
A disputa também foi assistida por centenas de prisioneiras.
A campeã japonesa, Nanako Kikuchi, admitiu, antes da luta, que estava surpresa com o local, pois nunca havia entrado em uma prisão.
As duas lutadoras são pequenas, para lutar pela categora peso-palha elas precisam pesar menos de 48 quilos.
Apesar de estar lutando em casa, Siriporn foi derrotada por nocaute técnico, no sétimo round.
Kikuchi, a vencedora do título, afirmou que estava mais bem preparada e mais acostumada com a pressão de uma competição, participando de lutas regularmente no Japão.
‘Salvação’
Antes da luta, Siriporn disse à BBC que este seria o combate de sua vida.
"Estou empolgada, estou me sentindo bem e tenho confiança de que farei o meu melhor", disse.
A boxeadora se diz arrependida de se envolver com o tráfico. "Eu estava errada ao me envolver com drogas", afirmou. Mas, para ela, o esporte foi a salvação.
"Com certeza ajuda no seu bem-estar físico, você fica mais forte. Quando se usa drogas, seu corpo não é forte. Mas, desde que comecei com boxe e esportes, minha saúde melhorou."
Para Nathee Chitsawang, o diretor geral do Departamento Correcional do governo da Tailândia, a luta do campeonato feminino de boxe dentro da prisão foi um sucesso.
Ele afirma que seus empregados encorajam as prisioneiras a praticaram o boxe.
"Queremos que elas se transformem nas melhores boxeadoras e, se possível, ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas. Se elas têm o boxe, elas têm disciplina, qualquer esporte ensina isto e não leva à violência", afirmou.
Patrick Cusick, membro do Conselho Mundial de Boxe, afirmou que apoia lutas dentro de prisões.
"Praticar boxe é como dar uma segunda chance. Dá a todos uma chance, não é um esporte para as elites", disse.
Apesar da derrota, um porta-voz de Nongmai Sor Siriporn disse que ela vai lutar novamente.
Com apenas um ano e meio para cumprir na prisão, na próxima oportunidade, ela poderá lutar fora da prisão.