Com a passagem do Thanksgiving, inicia-se, não só a temporada de compras, como também a época de se fazer um balanço do ano e o que se tem a agradecer, tanto no âmbito pessoal como do todo.O ‘Gazeta News’ perguntou a alguns membros da comunidade o que eles e a comunidade têm a agradecer. Mais união, menos deportações, crescimento financeiro estável e menos desemprego entre brasileiros, indicam que a comunidade tem bons motivos para comemorar e se preparar para um novo ano com esperança.
O que você tem a agradecer do ponto de vista pessoal e da comunidade?
Urbano Santos – Voluntário do Centro Comunitário e comerciante:
“Pessoalmente, agradeço às bençãos de Deus, à cura, novos valores familiares, saúde e trabalho. Antes de acabar o ano, vejo um aumento do faturamento em 20% nas minhas duas lojas de móveis, e isso indica uma superação da crise.
Do ponto de vista da comunidade, vejo, através do Centro Comunitário, um crescimento no sentimento de organização e união. No Centro Comunitário, a ideia de que o brasileiro não é unido e é atrapalhado passou. Vejo que se desenvolveu uma confiança. Teremos surpresas com a comunidade unida. Só de vermos um brasileiro ter a confiança de passar o número da conta para o débito automático de uma doação de $20 dólares ao mês é um grande passo. Um outro passo é ver a participação de um grande número de pessoas em campanhas e encontros para ajudar a comunidade. Cerca de 170 pessoas compareceram ao network que fizemos, e 400 compareceram à festa para arrecadar dinheiro para Adriano Almeida, que sofre de câncer.
O Centro Comunitário recebe $1400 dólares por mês, de contribuintes que doam em média $20 dólares ao mês, com algumas excessões, como de pessoas que doam até $300 dólares. Essa é uma conscientização bonita das pessoas que não pensam mais que brasileiros ‘passam a perna um no outro’.”
Francisco Pessoa – Presidente do Rotary Club of Boca Raton West e dono do Business Choice Tax Experts:
“Pessoalmente – primeiramente gostaria de agradecer à saúde minha, de minha família, meus amigos e conhecidos, a mais um dia de vida que é sempre uma nova oportunidade e a Deus por tudo que tem nos proporcionado.
Como contador, trabalho com pequenos e médios negócios, que são os responsáveis por gerar 50% dos empregos. Sou otimista, mas também realista, e não vejo muitos sinais de melhora a curto prazo, pois o problema da economia é estrutural. Sou primeiro formado em economia e depois contador, e vejo um problema da economia mundial além do problema estrutural do sitema americano.
Trabalho com negócios de diversos setores, e vejo que daqueles que estão sobrevivendo, o fato de estar no mercado já é uma vantagem.
Vejo que pessoas que antes pensavam em gastar, agora estão mais devagar. A crise é estrutural e também psicológica. Quando uma pessoa ganha dinheiro, em vez de gastar faz daquilo uma reserva.
Do ponto de vista da comunidade, vivo nos Estados Unidos há 20 anos e vejo a comunidade se unir com associações como o Rotary Club, o BBG, o Centro Comunitário, a Primeira Igreja Batista da Flórida para projetos de auxílio aos outros. Antes, tudo que abria fechava. Pela primeira vez, vejo a criação de uma base e trabalho em benefício da própria comunidade. Vejo agora líderes sérios e que não estão simplesmten fazendo para tirar vantagem dos outros. Vejo a comunidade se unindo, se fortalecendo e crescendo juntamente. Vejo isso como um marco de uma comunidade imigrante como a nossa. Somos uma comunidade nova e comparada à hispânica, por exemplo”.
Aloysio Vasconcellos – Presidente do Brazilian Business Group e empresário:
“Do ponto de vista da comunidade, agradeço ao fato de termos sobrevivido a mais um ano de dificuldades e termos conseguido manter a cabeça erguida e inalterada em relação à nossa vontade de vencer as intempéries”.
Pastor Silair Almeida - pastor da Primeira Igreja Batista da Flórida e Conselheiro do CRBE:
“Pessoalmente, do ponto de vista do ministério, vejo que nossa igreja vive um ano de muita alegria. Acabamos de concluir a construção de um prédio de ensino, com auditório e sala de aula para crianças, para melhor servir à comunidade. Temos inúmeras coisas a agradecer.
Embora tenha sido um ano por um lado triste, pois perdi uma sobrinha no Brasil aos 24 anos de idade, que teve um ataque cardíaco, fora isso tive muitas vitórias. Acedito que todos estejam conseguindo superar a crise com estabilidade. Conseguimos atravessar a crise sem ter que cortar nenhum serviço social.
Acabamos de voltar do nosso serviço social junto à tribo Ticuna, na Amazônia. São 70 mil índios e 126 aldeias. Nós cuidamos de seis aldeias. Anualmente distribuímos cesta básica, presentes, óculos de grau, levamos dentistas e roupas para crianças. Esse ano foram 19 pessoas da comunidade, e ficamos do dia 8 a 11 de novembro. Fazemos esse trabalho há seis anos e nunca tivemos que parar, apesar de ser um investimento alto.
Do ponto de vista da comunidade, acredito que uma das principais coisas a agradecer é a resolução do presidente Barack Obama de suspender deportações e dar prioridade somente a casos de pessoas que cometeram crimes. Nós vivíamos correndo atrás de pessoas presas pela imigração, e isso praticamente parou. Na nossa igreja, não tivemso nenhum problema novo. Casos como o do Marcelo, que foi preso em casa quando policiais da imigração estavam em busca de outra pessoa, estão estabilizados. Ele agora está em casa usando tornozeleira, com corte marcada para o ano que vem.Acho que isso diminui o medo, pressão e crise em relação à deportação.
Menos pessoas estão indo embora. Geralmente, vemos que famílias que vão embora, escolhem o final do ano para fazê-lo. Foi assim nos últimos três anos, e vimos muitas famílias voltando para o Brasil. Mas esse ano sei de poucos casos de pessoas indo embora.
Outra coisa que vejo pela igreja, é que existe mais estabilidade nos empregos. Poucos brasileiros se levantam quando perguntamos quem está sem nada de trabalho. Vejo que com isso a economia está voltando a crescer. Do ponto de vista do CRBE (Conselho de Representantes dos Brasileiros no Exterior), este foi um primeiro ano de tentativa. Acredito nos princípios democráticos. Este ano foi um pontapé inicial, mas o CRBE ainda tem muitos problemas internos que precisam ser resolvidos. Uma das coisas foi a reunião Brasileiros do Mundo que aconteceu em maio. O plano de ação elaborado é extraordinário, mas precisa de um grupo de conselheiros unidos para ser colocado em ação. Em 2012, espero que o grupo se entenda mais”.