O Pentágono encontrou uma solução inusitada de tratamento para veteranos de guerra que sofrem do chamado stress pós-traumático: o uso de videogames. Elaborados pela Virtually Better, uma empresa que cria ambientes de realidade virtual para o tratamento de distúrbios psicológicos, o game reproduzem as ruas de Falluja, no Iraque, palco de alguns dos mais violentos confrontos entre tropas americanas e rebeldes iraquianos.
"Estamos apenas oferecendo uma experiência que permite a terapeutas trabalhar com o paciente e entender melhor o que eles viveram, e assim ajudá-los a processar melhor essas informações", explicou à BBC Ken Grapp, diretor-executivo da Virtually Better.
Um estudo publicado no ano passado no New England Journal of Medicine estima que 18% dos soldados americanos que voltaram recentemente do Iraque sofriam do problema.
"Arruinado suicida"
Os especialistas acreditam que o mal sempre existiu, mas só ganhou a mídia depois da Guerra do Golfo, nos anos 90.
Segundo o correspondente da BBC em Washington, Matt Frei, a natureza do atual conflito no Iraque, com emboscadas realizadas por insurgentes armados ou explosões em estradas e cidades, está contribuindo para o trauma.
O tenente Julian Goodrum, veterano da Guerra do Golfo e do recente conflito no Iraque, é uma das vítimas da doença.
Ele contou que, da primeira vez, voltou para casa como um herói. Mas da segunda, sentia-se um "arruinado suicida". "Meus pesadelos são tão intensos que, certa noite, acordei com as minhas mãos em torno do pescoço da minha noiva", afirmou. "Estou me tornando muito violento durante o sono, então agora só durmo no sofá."
"Para a maioria das pessoas, principalmente militares, é mais fácil aceitar e entender um ferimento físico que psicológico", afirma Goodrum.