No próximo final de semana será concluído o Campeonato Brasileiro de 2006. As séries A e C serão concluídas, depois de termos visto a Série B ser encerrada no último sábado.
Num futebol que ficou históricamente marcado por títulos mundiais e maestria dos craques, mas ao mesmo tempo por enorme desorganização, falcatruas, manipulações e cartolagem picareta, temos muito o que comemorar desde que a FIFA impôs e Ricardo Teixeira acatou, as diretrizes que regem hoje o futebol mundial.
O Campeonato Brasileiro por pontos corridos, em turno e returno, elege de fato, sempre, a equipe mais estável, regular e harmoniosa. O São Paulo é um campeão inquestionável, respeitado em sua conquista até mesmo pelos mais ferrenhos rivais paulistas, Corínthians, Santos e Palmeiras.
A tensão pela disputa não desaparece em nenhum momento na Série A, mesmo com o campeão ter sido decidido com rodadas de antecedência. A luta pelas vagas na Taça Libertadores, na Copa Sul Americana e para evitar a queda para a Série B, movimentarão o Brasileirão até a última rodada quando ainda resta ser decidida a última vaga na Libertadores entre Paraná Clube e Vasco da Gama.
A Série B viveu seu melhor e mais brilhante ano. Com uma média de público quase o dobro do ano anterior, deixou de ser o “inferno astral” e deu sinais de que, já a partir de 2007, uma divisão com um pouco mais de visibilidade e interesse.
O que ocasionou isso foi a presença específicamente de quatro equipes na Série C: os “grandes” baianos Bahia e Vitória, a grande revelação mineira, o Ipatinga e o já conhecido e respeitado Criciúma, de Santa Catarina.
O Criciúma (única equipe catarinense a ter um título nacional, a Copa do Brasil, quando era comandada por Felipão), ganhou o título da C e retorna à B. O Ipatinga se reafirma como terceira força mineira em lugar do América Mineiro e também sobe. O Vitória, apesar da campanha muito irregular, também garantiu a sua volta. Grêmio Barueri e Ferroviário se enfrentam em confronto direto no final de semana, pela quarta e última vaga do acesso. Das quatro “estrelas” da Série C, só o Bahia decepcionou no Octogonal final. É o lanterna. Isso depois de ser o líder geral de todas as três fases anteriores da Terceirona.
A Série B, tão disputada e atraente quanto foi a Série A, protagonizou feitos incríveis. A extraordinária campanha do Atlético Mineiro a partir do segundo turno, sagrando-se campeão e retornando “por cima” à Série A. A força do futebol de Pernambuco que, enquanto viu o Santa Cruz cair da Série A, aplaude Sport e Náutico que sobem para a elite em 2007.
E a maior surpresa de todos. Se disséssemos no início da Série C, que uma das vagas para a Série A iria para o América de Natal, poucos acreditariam. Afinal, haviam candidatos com mais história e peso no futebol brasileiro. Dois deles ex-campeões nacionais, Guarani e Coritiba. Mais deu América e com todo o mérito, arrancando o ponto decisivo num heróico empate em plena festa de comemoração do título do galo mineiro.
O Coritiba chegou perto, mas fica mais um ano na Série B, que em 2007 promete a mesma dose de emoção com Coritiba, Paulista, Vitória, Criciúma e Ipatinga centralizando as atenções.
As decepções ficam por conta do Guarani de Campinas e do Paysandú, que caíram para a Série C. Serão eles, ao lado do Bahia, as “estrelas” da Série C em 2007, com enorme pressão para que retornem às divisões superiores. E com boas razões. No Paraná, Atlético e Paraná estão bem na Série A. Na Bahia, o Vitória subiu e o Bahia ficou. No Pará, o Remo, na última rodada, conseguiu se manter. O Paysandú caiu para a C.
A festa das rivalidades regionais se transferiu “de mala e cuia” para as três divisões do Brasileirão. O Campeonato teve grandes jogos e uma curiosa competição pelos récordes de público. O Atlético Mineiro (B) venceu essa “guerra”, seguido do Grêmio (A) e Bahia (C).
O que tudo isso significa? Que apesar das arbitragens fracas e comprometedoras, da cada vez mais incontrolável molecagem de maus torcedores nos estádios, da relação promíscua e até mesmo burra entre a televisão e a CBF, o Campeonato Brasileiro deu importantes passos em direção ao futuro. A Justiça Esportiva funcionou impecávelmente. Nada de dirigentes interferindo, como caudilhos enlouquecidos, a favor de suas equipes “custe o que custar”.
Grandes craques surgindo, emoção e presença das torcidas, competitividade em todos os níveis em todas as séries. E uma seleção que, comandada por Dunga, enxerga um novo manancial de nomes e talentos para renovar o futebol do país até 2010.
Na área do futebol brasileiro, apesar da França e apesar de Roberto Carlos amarrando a chuteira , há muito o que comemorar nesse 2006.
Parabéns ao São Paulo, ao Atlético Mineiro e ao Criciúma. Campeões Brasileiros de 2006.