Fica cada vez mais claro que a realidade horrível que a vida e a morte nos Estados Unidos ficam nas mãos de pessoas perturbadas que resolvem agir em público por conta própria. Essa tendência, dramatizada em eventos recentes por tiroteios em escolas, igrejas, cinemas e ambientes de trabalho, chegou a um ponto sombrio no dia 26, quando um ex-repórter resolveu tirar a vida de dois jornalistas, quando eles estavam ao vivo para uma emissora de TV que o demitiu – e publicou nas redes sociais o momento da tragédia.
Em relação aos números, o tiroteio foi uma rotina para este país – três mortos quando o atirador finalmente se matou, horas depois de uma perseguição. O que fez desse ato diferente foi o palco montado por ele e a rapidez com que fez questão de publicar para seus seguidores do Twitter acompanharem a “notícia”.
Isso demonstra um novo estágio na loucura da violência das armas: ser visto nas redes sociais matando uma pessoa com uma arma – que se pode comprar em qualquer esquina – e como uma forma de demonstrar todas as suas frustrações ao mundo.
Muitos políticos irão focar na personalidade doentia do atirador e trazer à tona a questão de um melhor sistema para a saúde mental, mas não tocarão no assunto do controle das armas. Mesmo assim isso irá ignorar a realidade: estima-se que um terço da população tem 300 milhões de armas nos EUA, muito mais que em qualquer nação moderna. Armas são extremamente fáceis de adquirir, enquanto políticos – na maioria republicanos – tentam passar medidas para diminuir as exigências, em vez de apertar a segurança.
Todos nós sabemos que nenhuma mudança irá acontecer. Se não aconteceu quando ocorreu o massacre em uma escola ou em uma igreja, porque ocorreria agora, em um momento em que a violência atingiu a transmissão ao vivo na TV e as redes sociais? Existem muitas armas e muito pouca vontade política de fazer qualquer coisa.
Fonte: NY Times.