O ex-presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Alan Greenspan, diz que o déficit orçamentário dos EUA continua a gerar uma "significativa preocupação " e que a economia americana pode entrar em recessão no fim deste ano, segundo matéria do "The Wall Street Journal".
Rita Paz com agências internacionais
Para Greenspan já há sinais de que o atual ciclo econômico, em expansão desde 2001, está a chegar ao fim. "Quando nos distanciamos tanto de uma recessão, invariavelmente algumas forças começam a acumular-se para a próxima recessão, e, de facto, estamos a começar a ver sinais", disse.
"Por exemplo, nos EUA, as margens de lucro (...) começaram a estabilizar, o que é um sinal precoce de que estamos nos estágios finais de um ciclo [de expansão]", afirmou Greenspan. "Embora, sim, seja possível que tenhamos uma recessão nos últimos meses de 2007, a maioria dos analistas não pensa assim e faz projeções para 2008 (...) de alguma desaceleração."
Greenspan destacou, no entanto, que não houve efeitos significativos do desaquecimento do mercado imobiliário residencial dos EUA sobre a economia do país. "Estamos agora no período de contração [do mercado imobiliário] e até agora não vimos nenhum sinal significativo de efeitos sobre a economia americana."
Déficit
Sobre o déficit orçamentário americano, Greenspan diz que continua a ser "uma preocupação bastante significativa para nós que tentamos avaliar tanto o futuro imediato da economia americana como o da economia do resto do mundo".
Segundo um comunicado elaborado pela bancada democrata do Comitê Orçamental do Senado dos EUA, divulgado no fim de Janeiro, o déficit federal bruto do país cresceu de 5,8 bilhões de dólares em 2001 para um resultado projectado de 9 bilhões de dólares no fim de 2007. Segundo o mesmo comunicado, a situação de curto prazo "não apaga os danos causados pelas políticas fiscais do governo Bush nos últimos seis anos". "Colocar a casa em ordem em termos fiscais irá requerer escolhas duras, um esforço dos dois partidos e uma verdadeira liderança do presidente."
Em março do ano passado, o presidente da Fed, Ben Bernanke (que substituiu Greenspan) afirmou que o Orçamento "deve sofrer muita pressão à medida que as mudanças demográficas impulsionam mudanças rápidas nos gastos com benefícios". "Ao manter baixo o crescimento da poupança nacional e a acumulação real de capital, o crescimento do défice do orçamento irá pôr em risco os padrões de vida no nosso país."
No mês passado, Bernanke disse que o déficit orçamentário pode ficar estável ou moderado nos próximos anos, mas, "infelizmente, o que estamos a observar provavelmente é a calma que precede a tempestade".
No primeiro trimestre do ano fiscal de 2007 - período de outubro a dezembro de 2006 -, o déficit orçamentário dos EUA caiu para 80,4 milhões de dólares, 32,6% abaixo do registado no mesmo período de 2005 (119,4 milhões de dólares). Para o atual ano fiscal, no entanto, a previsão é de que o déficit supere o registado no ano fiscal de 2006 (Outubro de 2005 a Setembro de 2006), de 248 milhões de dólares. A previsão do Escritório do Congresso é de um déficit de 286 milhões.