Depressão: o que é? Nossa energia vital se recolhe, se retira do investimento no mundo que não mais atrai, e fica como que “quieta”, num canto. Viramos o rosto para não olhar para a realidade externa, queremos nos afastar dela. Dizemos “não” à vida como a conhecemos ou como achamos que tem que ser. E com o que ficamos? Aparentemente, com nada.
Há dois tipos gerais de depressão: uma natural do processo evolutivo de cada um e outra consequência de uma escolha. Segundo C. G. Jung, os movimentos energéticos para fora (investimento na realidade externa) ou para dentro (investimento na realidade interna) fazem parte natural do processo de desenvolvimento da personalidade: ora canalizamos no mundo (trabalho, estudo, carreira, família, projetos...), ora recuamos dele porque precisamos repensar, reavaliar, rever e, quem sabe, tomar novos rumos e novas atitudes? (E quando este processo natural não é compreendido e administrado da forma correta pode engendrar um quadro grave de depressão, que poderia ter sido evitado se o fenômeno tivesse sido adequadamente abordado.)
A depressão que se instala por uma escolha é de outro tipo. Ela é consequência do fato de não querer dar o passo que já se percebeu ser necessário na situação na qual nos encontramos. Somos menos e mais bobos do que pensamos. Por um lado, nós sacamos muito mais do que estamos dispostos a reconhecer; por outro, insistimos no que não tem conserto ou não vale a pena. E fazemos isso por dois motivos: covardia e preguiça. Por trás das razões românticas e sentimentais, dos apegos que também existem, há a prosaica e banal realidade de que temos medo e não queremos nos dar ao trabalho de enfrentar o que virá pela frente.
Assim, no lugar de agarrar nossa intuição e seguir o caminho, desviamos nosso olhar não da realidade externa, mas daquela verdade interior que já percebemos. Damos as costas à porta de saída e nos lamuriamos que não há saídas. Há sempre uma solução: a questão é saber se queremos assumir o esforço, o trabalho, a dor, a determinação, a vontade de viver e de vencer que abrir a porta requer. O rio só não chega ao mar porque não quer.
Se o caminho intuído não estiver claro também não é um problema. Aliás, é comum e normal. Intuição não é ainda realização. Uma coisa é sacar uma saída outra é torná-la realidade. Para isso, existem profissionais que ajudam na “tradução” e dão uma guia até o “outro lado”. E, mais uma vez, percebemos que há saídas. Depende de você querer se dar ao trabalho de assumir sua vida em suas mãos e encarar o que é que tiver que ser encarado. É assim, ou nada. Não há meio termos.
Infelizmente, muitos desenvolvem um tipo de hipocrisia consigo próprios e se enrolam tão bem enrolados em suas mentiras que não conseguem mais discernir o joio do trigo. Nesse marasmo, as intuições boas facilmente se perdem. Se a pessoa se aperceber isso, deve recorrer a um profissional para ajudar a encontrar o fio da meada; se não se aperceber disso, a realidade irá com o tempo lhe dar oportunidade para despertar de seu transe.
Concluindo, a depressão por covardia e preguiça se instala toda vez que evitamos dar aquele passo, de tomar aquela atitude e decisão que já percebemos que temos que tomar, mas não sentimos coragem para assumir. Ter medo é normal, duvidar das próprias capacidades e, portanto, “ter preguiça” só de pensar em começar a obra também é normal. Agora, faz parte da normalidade termos livre arbítrio, ou seja, o direito de escolha. Qual é a sua?

