A polêmica envolvendo a boneca falante “Minha Amiga Cayla”, identificada com falhas de segurança na parte interna, fez com que autoridades alemãs aconselhassem os pais a destruir o brinquedo.
O aviso foi dado pela Agência Federal Alemã de Redes (Bundesnetzagentur), responsável pelas telecomunicações, mas a Associação Britânica de Produção de Bonecos (TRA na sigla em inglês), por sua vez, disse que o brinquedo não apresenta riscos.
Sistema Bluetooth
A boneca Cayla pode responder a perguntas por meio da internet e o argumento de pesquisadores é de que hackers podem usar o dispositivo de bluetooth da boneca para ouvir e falar com as crianças, podendo se conectar ao sistema de som do brinquedo em um raio de 10 metros de distância.
As autoridades alemãs divulgaram o aviso depois que o estudante Stefan Hessel, da Universidade de Saarland, levantou dúvidas legais a respeito da boneca Cayla, que alertou sobre o software inserido.
Os casos de invasão de privacidade foram isolados e feitos por especialistas, segundo a empresa Vivid Toy, que distribui a boneca. O grupo afirmou também que usaria as informações obtidas nos casos para atualizar o aplicativo que é usado no brinquedo, mas especialistas advertem que o problema ainda não foi totalmente resolvido.
"Estou preocupada com o impacto dessas bonecas conectadas na privacidade e segurança das crianças", disse à BBC Vera Jourova, comissária de Justiça, Consumo e Igualdade de Gênero da União Europeia.
A comissão está investigando se esse tipo de boneca viola as regras de segurança de dados da União Europeia.
A brecha no software foi revelado pela primeira vez em janeiro de 2015. Desde então, grupos de consumidores na Europa e nos Estados Unidos fizeram reclamações.
Dispositivo de vigilância
A legislação alemã prevê que é ilegal vender ou possuir um dispositivo de vigilância proibido - violar essa lei pode resultar em prisão por até dois anos.
O país tem normas rigorosas de proteção contra esse tipo de monitoramento - no século passado, os alemães foram altamente monitorados pelo Estado durante a era nazista e na comunista Alemanha Oriental.
Um porta-voz da agência federal disse ao jornal Sueddeutsche Zeitung que Cayla tem um "dispositivo oculto de transmissão", o que é ilegal perante as leis da Alemanha.
A empresa que produz a boneca, a Genesis Toys, ainda não comentou o alerta das autoridades alemãs.
Fonte: BBC.