Se existe um assunto que nunca se esgota é dieta. Sempre aparece uma novidade e ela chega sempre cheia de conflitos e opiniões divergentes. O jejum intermitente está levantando opiniões faz um tempo e continua causando.
Não gosto de opiniões radicais e procuro não ser radical. Falar do jejum intermitente é, no mínimo, arriscado. Mas, acredito ser benéfico. Vou começar assinalando os pontos positivos e, claro, vou ponderar sobre eles. O jejum intermitente, como o próprio nome diz, pressupõe ficar sem comer por um tempo. Esse tempo não é curto e pode ser muito longo. As pessoas e os estudo sobre esse tipo de dieta mostram emagrecimento, diminuição dos níveis de colesterol sanguíneo, melhora no diabetes entre outros pontos. Claro que tudo isso é benéfico, não tenho nem o que discutir, mas posso perguntar. Como era a alimentação dessas pessoas antes de iniciarem a prática do jejum intermitente? Era correta, ou essas pessoas estariam doentes por se alimentarem de forma errada tanto na qualidade quanto na quantidade dos alimentos? Se a resposta for sim, uma dieta sem jejum, mas equilibrada, trará os mesmos benefícios, como também comprovam muitos estudos.
Ao mesmo tempo, durante o jejum, muito mais coisas do que apenas o consumo da gordura acumulada e diminuição do colesterol estão acontecendo. Durante o jejum intermitente, induzimos hipoglicemia. Isso quer dizer menos glicose disponível para o nosso cérebro. Ele pode, sim, adaptar-se, mas não é rápido e não é sempre. Nesse período de hipoglicemia, o nível de atenção baixa e aumenta o risco de cometermos erros. Erros dirigindo, trabalhando, ensinando, aprendendo, fazendo provas, fazendo exercícios físicos, julgando, vivendo. E para isso também existem estudos comprovando. Existem estudos mostrando que os erros cometidos por enfermeiras que cumprem o ramadã aumentam nesse período de jejum. Outros transtornos menores também aparecem, como mau humor, irritação e estresse. Mas, vamos supor que tudo isso possa ser controlado por um tempo e que tudo isso justifique a melhora trazida pelo jejum intermitente. Existem estudos que comprovam que pessoas submetidas a longos períodos em jejum desenvolvem compulsão alimentar. Isso ocorre porque o organismo desenvolve mecanismos para sobreviver e enfrentar novos períodos de jejum. Em resumo, o corpo se prepara para passar fome sem danos. E, para concluir, um estudo publicado em 2013 mostra que podem existir danos musculares nas pessoas que são adeptas da prática do jejum intermitente.
Além de todos os pontos salientados aqui, precisamos pensar em viver bem e ter um bom relacionamento com os alimentos. Afinal, faz parte do nosso convívio social e familiar almoços, jantares, lanchinhos com os amigos. Será mesmo que para termos saúde precisamos sofrer? Na minha opinião, não. ________________________________ Fontes:
Exp Gerontol. 2013 Oct;48(10):1101-6. doi: 10.1016/j.exger.2012.12.006. Epub 2012 Dec 22.
The effect of fasting on indicators of muscle damage.
Dannecker EA1, Liu Y, Rector RS, Thomas TR, Sayers SP, Leeuwenburgh C, Ray BK.