Nos anos 1960 o aparecimento da pílula anticoncepcional revolucionou a vida das mulheres. É verdade que já existiram inúmeras modificações na sua formulação. A primeiras a serem lançadas tinha doses de hormônios muito maiores que as atuais. Mas, seria ilusão imaginar que o uso de anticoncepcional hormonal não traz efeitos colaterais. Sem dúvida é uma das formas mais fáceis de evitar uma gestação e justamente por isso, muitas vezes os efeitos colaterais são desprezados, diante da facilidade, outros métodos são descartados.
Outras situações também levam ao uso dos anticoncepcionais hormonais, acne, cólicas ou mesmo evitar o sangramento.
Acontece que a puberdade é um momento muito sensível do corpo da menina e o uso de hormônios sexuais pode afetar o desenvolvimento cerebral. Isso já foi demonstrado em experimentos feitos com animais, o que significa que pode acontecer com humanos também.
Um recente estudo (1) mostrou que há uma correlação com o uso de anticoncepcional na adolescência e o aparecimento do estado de depressão na fase adulta. Algumas pessoas contrapõem esses dados citando outros estudos que não mostram tais efeitos.
Na realidade os estudos que não mostram esses efeitos são feitos por um período menos de tempo. A maioria dos estudos que avalia os efeitos colaterais de medicamentos o faz em apenas alguns meses de uso no máximo um ou dois anos.
Este estudo que eu citei analisa o que aconteceu depois de mais de 20 anos de uso de anticoncepcional hormonal. E logicamente depois de tantos anos usando o hormônio não seria fácil a associação com a presença da depressão. O pior dessa informação é que parece que mesmo que o uso seja interrompido, apenas o fato de ter usado na adolescência já é suficiente para aumentar a possibilidade de desenvolver depressão quando adulta.
Acha tudo isso difícil de acreditar? Então pense: tomar sol um ou dois verões pode causar câncer de pele? Ou seria preciso tomar muito sol e continuamente por anos para que o câncer de pele se desenvolva? E nem todas as pessoas que tomam muito sol desenvolvem câncer de pele.
Em outras palavras, muitas mulheres não terão depressão devido ao uso de anticoncepcionais hormonais, mas muitas terão.
Se você faz uma campanha para diminuir a incidência de câncer de pele, você irá dizer que o sol pode não causar câncer de pele em todas as pessoas, ou você irá dizer para todas as pessoas diminuírem a exposição ao sol e usar protetor solar, para diminuir a chance de ter câncer de pele?
O raciocínio é o mesmo aqui. Se sabemos que o uso de anticoncepcionais hormonais na adolescência, pode levar ao desenvolvimento de depressão na fase adulta da vida, vamos indicar esses hormônios para tratar acne? Para interromper o sangramento? Ou vamos cobrar mais seriedade da classe médica, para que nos informem dos efeitos colaterais em curto e em longo prazo?
1. https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2552796
Nos anos 1960 o aparecimento da pílula anticoncepcional revolucionou a vida das mulheres. É verdade que já existiram inúmeras modificações na sua formulação. A primeiras a serem lançadas tinha doses de hormônios muito maiores que as atuais. Mas, seria ilusão imaginar que o uso de anticoncepcional hormonal não traz efeitos colaterais. Sem dúvida é uma das formas mais fáceis de evitar uma gestação e justamente por isso, muitas vezes os efeitos colaterais são desprezados, diante da facilidade, outros métodos são descartados.
Outras situações também levam ao uso dos anticoncepcionais hormonais, acne, cólicas ou mesmo evitar o sangramento.
Acontece que a puberdade é um momento muito sensível do corpo da menina e o uso de hormônios sexuais pode afetar o desenvolvimento cerebral. Isso já foi demonstrado em experimentos feitos com animais, o que significa que pode acontecer com humanos também.
Um recente estudo (1) mostrou que há uma correlação com o uso de anticoncepcional na adolescência e o aparecimento do estado de depressão na fase adulta. Algumas pessoas contrapõem esses dados citando outros estudos que não mostram tais efeitos.
Na realidade os estudos que não mostram esses efeitos são feitos por um período menos de tempo. A maioria dos estudos que avalia os efeitos colaterais de medicamentos o faz em apenas alguns meses de uso no máximo um ou dois anos.
Este estudo que eu citei analisa o que aconteceu depois de mais de 20 anos de uso de anticoncepcional hormonal. E logicamente depois de tantos anos usando o hormônio não seria fácil a associação com a presença da depressão. O pior dessa informação é que parece que mesmo que o uso seja interrompido, apenas o fato de ter usado na adolescência já é suficiente para aumentar a possibilidade de desenvolver depressão quando adulta.
Acha tudo isso difícil de acreditar? Então pense: tomar sol um ou dois verões pode causar câncer de pele? Ou seria preciso tomar muito sol e continuamente por anos para que o câncer de pele se desenvolva? E nem todas as pessoas que tomam muito sol desenvolvem câncer de pele.
Em outras palavras, muitas mulheres não terão depressão devido ao uso de anticoncepcionais hormonais, mas muitas terão.
Se você faz uma campanha para diminuir a incidência de câncer de pele, você irá dizer que o sol pode não causar câncer de pele em todas as pessoas, ou você irá dizer para todas as pessoas diminuírem a exposição ao sol e usar protetor solar, para diminuir a chance de ter câncer de pele?
O raciocínio é o mesmo aqui. Se sabemos que o uso de anticoncepcionais hormonais na adolescência, pode levar ao desenvolvimento de depressão na fase adulta da vida, vamos indicar esses hormônios para tratar acne? Para interromper o sangramento? Ou vamos cobrar mais seriedade da classe médica, para que nos informem dos efeitos colaterais em curto e em longo prazo?
1. https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2552796 