É necessário escolher muito bem as palavras para que a mensagem seja também muito bem entendida.
Antes de tudo, vamos lembrar duas coisinhas muito básicas e sempre esquecidas: primeiro que a prescrição de uma droga (ou remédio) só deve ser feita quando os efeitos colaterais dessa droga forem menores que os efeitos negativos da enfermidade; segundo, que todas as drogas ou remédios têm efeitos colaterais.
Posto isso vamos falar do acetaminophen, paracetamol ou tylenol. Há muito tempo, enquanto eu ainda estava no meu doutorado no Brasil, um colega estava estudando a ação de drogas sobre o fígado. Lembrando que todas as drogas são metabolizadas, ou quebradas, pelo fígado.Esse colega estudava o efeito do álcool sobre o fígado e nas pesquisas encontrou vários trabalhos mostrando que a associação dessa droga com bebidas alcoólicas é extremamente perigosa e pode levar à morte por falência hepática, ou hepatite medicamentosa.
Da mesma forma a associação dessa droga com o anticoagulante warfarin é muito perigosa.
Mesmo assim é uma droga prescrita sem a menor orientação, ou vendida sem a necessidade de prescrição médica.
Mas há coisas que não param de aumentar a preocupação geral. Existem inúmeras "lendas" a respeito do aumento dos casos de autismo e déficit de atenção em crianças. Infelizmente um novo estudo aponta para a interação dessa droga e o nascimento de crianças com tais problemas.
Esse estudo foi publicado na revista JAMA Psychiatry no dia 1° de novembro deste ano, 2019. (1) E esse estudo mostrou que de 996 bebês analisados, 25,8% apresentaram ADHAD; 6,6% ASD; 4,2% ADHD e ASD; 305% desenvolveram deficiências ou inabilidades e 32,8% indivíduos atípicos neurologicamente, isso quer dizer com habilidades típicas de desenvolvimento intelectual e cognitivo.
Isso é possível porque a droga pode atravessar a barreira placentária. Ou seja, a droga ingerida pela mãe irá atingir o feto em formação e causará danos.
Estudos anteriores a este já mostram que há ligação com o desenvolvimento de asma, ADHD (2) e ASD (3).
É inegável que esse droga não deveria ser prescrita com tanta frequência, ou que ao menos deveria ter uma orientação mais profunda.
A toxicidade do Tylenol não é apenas para mulheres grávidas ou para quem toma bebida alcoólica. Para esses dois grupos de pessoas os efeitos são mais desastrosos apenas. O efeito tóxico existe para todas as pessoas, e muitas pessoas não sabem como está a saúde do seu fígado, então o perigo está presente para muitas pessoas que nem sequer imaginam.
Na verdade, o perigo está presente principalmente para pessoas que acreditam que a droga é segura. Afinal, todos os médicos prescrevem e até criança pode tomar, não é mesmo? Não, não é mesmo.
Acredito que ler, prestar atenção, verificar a fonte de informação, são atitudes fundamentais no mundo atual que tem muita gente que estudou, mas que não se preocupa muito com a segurança das pessoas e com as consequências das suas indicações, ou prescrições.
1. https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2019.3259
2. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/aur.1591
3. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0108210 É necessário escolher muito bem as palavras para que a mensagem seja também muito bem entendida.
Antes de tudo, vamos lembrar duas coisinhas muito básicas e sempre esquecidas: primeiro que a prescrição de uma droga (ou remédio) só deve ser feita quando os efeitos colaterais dessa droga forem menores que os efeitos negativos da enfermidade; segundo, que todas as drogas ou remédios têm efeitos colaterais.
Posto isso vamos falar do acetaminophen, paracetamol ou tylenol. Há muito tempo, enquanto eu ainda estava no meu doutorado no Brasil, um colega estava estudando a ação de drogas sobre o fígado. Lembrando que todas as drogas são metabolizadas, ou quebradas, pelo fígado.Esse colega estudava o efeito do álcool sobre o fígado e nas pesquisas encontrou vários trabalhos mostrando que a associação dessa droga com bebidas alcoólicas é extremamente perigosa e pode levar à morte por falência hepática, ou hepatite medicamentosa.
Da mesma forma a associação dessa droga com o anticoagulante warfarin é muito perigosa.
Mesmo assim é uma droga prescrita sem a menor orientação, ou vendida sem a necessidade de prescrição médica.
Mas há coisas que não param de aumentar a preocupação geral. Existem inúmeras "lendas" a respeito do aumento dos casos de autismo e déficit de atenção em crianças. Infelizmente um novo estudo aponta para a interação dessa droga e o nascimento de crianças com tais problemas.
Esse estudo foi publicado na revista JAMA Psychiatry no dia 1° de novembro deste ano, 2019. (1) E esse estudo mostrou que de 996 bebês analisados, 25,8% apresentaram ADHAD; 6,6% ASD; 4,2% ADHD e ASD; 305% desenvolveram deficiências ou inabilidades e 32,8% indivíduos atípicos neurologicamente, isso quer dizer com habilidades típicas de desenvolvimento intelectual e cognitivo.
Isso é possível porque a droga pode atravessar a barreira placentária. Ou seja, a droga ingerida pela mãe irá atingir o feto em formação e causará danos.
Estudos anteriores a este já mostram que há ligação com o desenvolvimento de asma, ADHD (2) e ASD (3).
É inegável que esse droga não deveria ser prescrita com tanta frequência, ou que ao menos deveria ter uma orientação mais profunda.
A toxicidade do Tylenol não é apenas para mulheres grávidas ou para quem toma bebida alcoólica. Para esses dois grupos de pessoas os efeitos são mais desastrosos apenas. O efeito tóxico existe para todas as pessoas, e muitas pessoas não sabem como está a saúde do seu fígado, então o perigo está presente para muitas pessoas que nem sequer imaginam.
Na verdade, o perigo está presente principalmente para pessoas que acreditam que a droga é segura. Afinal, todos os médicos prescrevem e até criança pode tomar, não é mesmo? Não, não é mesmo.
Acredito que ler, prestar atenção, verificar a fonte de informação, são atitudes fundamentais no mundo atual que tem muita gente que estudou, mas que não se preocupa muito com a segurança das pessoas e com as consequências das suas indicações, ou prescrições.
1. https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2019.3259
2. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/aur.1591
3. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0108210 