Trump envia Guarda Nacional para a fronteira com o México
Por Arlaine Castro
O presidente Donald Trump ordenou o envio imediato da Guarda Nacional para proteger a fronteira do país com o México. Segundo informado pela Casa Branca, serão entre 2.000 e 4.000 membros da Guarda Nacional para ajudar as autoridades federais a combater a imigração ilegal e o tráfico de drogas, mas não ficou claro quais os agentes a serem chamados e se seriam autorizados a transportar armas. Trump disse que a administração está analisando o custo de enviar as tropas para a fronteira e acrescentou que "provavelmente vamos mantê-los ou uma grande parte deles até que o muro seja construído". No início da quinta-feira, Ronald Vitiello, vice-comissário em exercício da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, alertou sobre uma implantação apressada, mas segura. "Vamos fazer isso o mais rápido possível, mas de forma segura", disse Vitiello ao Fox News Channel. Ele disse que os membros da guarda seriam colocados em empregos que não exigem trabalho de policiamento, uma aparente referência à realização de patrulhas e prisões. A tropa que Trump pretende enviar é menor do que os 6.400 membros da Guarda Nacional que o ex-presidente George Bush enviou para a fronteira entre 2006 e 2008. "A ausência de lei que prossegue na nossa fronteira ao sul é essencialmente incompatível com a segurança e soberania do povo americano", afirma o documento assinado pelo presidente que autorizava a medida. Segundo Trump, a situação atingiu um "ponto de crise" e seu governo "não teve outra escolha a não ser agir", sugere o comunicado. A secretária de Segurança Nacional, Kirstjen Nielsen, afirmou que já colabora com os governadores dos estados fronteiriços para quantos membros da Guarda Nacional serão enviados e para onde. Moção contra Após a emissão da ordem presidencial, o Senado mexicano aprovou na última quarta feira, por unanimidade, uma moção exigindo que o governo do país encerre a cooperação com os EUA nas áreas da migração e segurança, considerando o envio da Guarda Nacional à fronteira como "mais um insulto" do presidente americano. "A conduta [de Trump] tem sido permanente e sistematicamente não apenas desrespeitosa, mas ofensiva, com base em preconceitos e desinformação, com o uso frequente de ameaças e chantagens", disse a senadora Lara Rojas. O presidente deu prazo de 30 dias a Nielsen, ao chefe do Pentágono, James Mattis, e ao procurador-geral, Jeff Sessions, para que lhe apresentem um relatório com detalhes do plano de ação na fronteira. Trump alertou que a segurança do país está ameaçada pelo aumento drástico de atividades ilegais na fronteira, incluindo o fluxo de "grandes quantidades de fentanil, outros opioides e novas drogas perigosas e ilícitas [...] em níveis sem precedentes". O presidente advertiu ainda que o "rápido aumento das travessias ilegais" esperado para os próximos meses, entre a primavera e o verão, ameaça "transbordar" o atual patrulhamento das fronteiras. O anúncio da Casa Branca veio pouco depois de o presidente prometer ações decisivas contra a imigração e afirmar a intenção de utilizar as forças militares para reforçar a fronteira até a construção do tão prometido muro nos limites do país com o México. O ministro mexicano do Exterior, Luis Videgaray, afirmou que a Casa Branca foi informada de que a militarização da fronteira irá "danificar gravemente as relações bilaterais". Trump vinha há dias criticando o governo mexicano por conta de uma "caravana" de migrantes da América Central que estaria seguindo rumo aos EUA através do México. Estima-se que cerca de 1.500 pessoas de Honduras, Guatemala e El Salvador estejam viajando em direção à fronteira.