Brasileiras dão exemplo de superação na Flórida
Em 2018, famílias sustentadas por mulheres representavam 17,8% da população (46,7 milhões de 262 milhões). Dessas, em 83,9% houve diminuição da pobreza. "As taxas de pobreza para todas as pessoas em todas as famílias chefiadas por mulheres caíram 1,7 ponto percentual, para 26,8%, a taxa mais baixa já registrada para esse grupo", informa o censo. Das trabalhadoras que sustentam sozinhas suas famílias, a maior parte trabalha em período integral, durante todo o ano, indica a pesquisa. As famílias chefiadas por mulheres foram o único dos *três tipos de famílias classificados pelo Censo a experimentarem uma diminuição estatisticamente significativa da pobreza entre 2017 e 2018, segundo os dados. Os outros tipos de famílias não sofreram alterações."Quase cheguei a acreditar que não seria independente"
Dessa forma, não é difícil encontrar mulheres que sustentam sozinhas a família. Com três filhos pequenos, essa é a realidade de Viviane Leite, 32 anos, mineira que mora em Ocean Township, New Jersey. Trabalhando como faxineira e fazendo bicos como maquiadora aos finais de semana, hoje ela conta que está melhor financeiramente do há alguns anos e faz de tudo para não faltar nada para Christian, 11 anos, Gabriel, 9, e Fernando, de 13 meses, que cria sozinha. "Ganho o suficiente pra nos manter e não faltar o que eles precisam. Graças a Deus, melhorou sim. Antes eu era ajudante, tinha algumas casinhas só pra um dia da semana e hoje não preciso mais trabalhar para os outros, tenho minhas casas. Não são muitas, mas tem dado pra manter o essencial, o que precisamos. Às vezes é meio apertado, pois sempre tem os cancelamentos ou algum dia que não tem (trabalho), mas graças a Deus a gente corre atrás!", relata. Com despesas que calcula ficar em torno de U$3.500, 00 por mês, Viviane diz que, apesar de manter a família sozinha, consegue pagar as contas. "Pago em torno de U$1.200,00 de aluguel e energia elétrica, tem a babá do menor, comida, telefone, internet, carro, seguro de carro. Nunca parei fazer conta exata, mas é isso. O essencial não falta, graças a Deus". Com uma história que mistura violência doméstica e sequestro dos filhos pelo ex-marido que chegou a levá-los para o Brasil, Viviane diz que as lembranças de tudo o que passou até conseguir ter os filhos de volta, faz a batalha do dia a dia ser menor. "Às vezes acho que não vou conseguir, mas quando me lembro de tudo que passei sem eles, tenho força pra seguir em frente. Já tive sim, medo de não conseguir pagar minhas contas e não conseguir manter meus filhos, mas, hoje eu sou o que eu nunca imaginei que conseguiria ser um dia, INDEPENDENTE, pois era o que eu ouvia e quase cheguei a acreditar nisso!", finaliza. Clique aqui para saber mais sobre a história de Viviane.Controverso
Porém, apesar da ligeira melhora, a realidade das mulheres que sustentam sozinhas a casa ainda está longe de ser igual aos outros dois tipos de famílias: a renda mediana dos domicílios mantidos por mulheres (US $ 45.128) foi inferior à das famílias chefiadas por casais (US $ 93.654) e a das mantidos somente pelos homens (US $ 61.518) em 2018.Crianças
Como um grupo, as crianças cujas famílias são chefiadas por mulheres, viram sua taxa de pobreza diminuir em 2,5 pontos percentuais em 2018, representando 649.000 menos crianças em situação de pobreza, segundo o Censo.Negros e hispânicos
Entre os indivíduos de famílias sustentadas por mulheres, os declínios estatisticamente significativos nas taxas de pobreza de 2017 a 2018 por raça foram limitados a negros e hispânicos. Para os negros, as taxas de pobreza diminuíram para 31,7% em 2018, uma redução anual de 2,7 pontos percentuais. Para os hispânicos, a taxa de pobreza ficou em 31,1% em 2018, uma redução de 4,0 pontos percentuais, aponta o censo.Brasileiras se juntam pelo apoio profissional e de saúde a mulheres no sul da Flórida
Emprego
Mais pessoas de famílias chefiadas por mulheres encontraram emprego em período integral em todo o ano em 2018 do que em 2017, principalmente entre negros e hispânicos. Isso levou a maiores rendas e menos adultos e crianças em situação de pobreza para esses grupos. Além disso, aumentou para 62,4% a proporção de trabalhadores em famílias chefiadas por mulheres que trabalhavam em período integral durante todo o ano - um acréscimo de 1,9 ponto percentual.Aumento da renda familiar
Como resultado, também houve algumas mudanças na renda familiar, como a proporção de pessoas em famílias chefiadas por mulheres com renda familiar abaixo de US $ 25.000 que diminuiu 2,1 pontos percentuais, enquanto a proporção com renda acima de US $ 75.000 aumentou 1,9 ponto percentual entre 2017 e 2018.Ainda não há muito o que comemorar
Apesar da diminuição da pobreza relatada, dezenas de milhões de americanos permanecem pobres pelos padrões oficiais, fato que os defensores da população pobre em todo o país estão trabalhando para combater por meio da organização comunitária, construção de movimentos e políticas aprimoradas. Esse fato é apontado pela Fundação Marguerite Casey, que ajuda famílias de baixa renda por todo o país. Segundo a Fundação, um estudo recente mostrou que "seis em cada 10 americanos não têm US $ 1.000 em economia, portanto uma emergência financeira pode levar a dívidas, instabilidade ou pobreza".Quatro filhos, gravidez com câncer, marido deportado: a luta de uma mãe brasileira na Flórida
Ainda, o Institute for Policy Studies, um think tank em Washington, D.C., se baseou em critérios revisados ??de pobreza para estimar em 2018 que o número real de americanos pobres poderia chegar a 140 milhões de pessoas. Isso se traduz em uma taxa de pobreza de até 43%.Renda familiar e seguro-saúde nos EUA
Os dados oficiais de pobreza relativos a 2018 indicam que há motivo de preocupação, apesar da recuperação relatada. A renda média familiar foi de US $ 63.179, estatisticamente a mesma de 2017. Ou seja, não houve ganho considerado. Além disso, na saúde - um dos pontos que mais preocupa quem vive nos EUA - o número de americanos sem seguro-saúde somavam 27,5 milhões de pessoas em 2018, um aumento de quase 8% em relação a 2017, segundo a fundação."Me privava até de ir ao médico"
A goianense Abadia Carvalho, 38 anos, que vive sozinha com as três filhas em Newark, New Jersey, e chegou ao país sem nada há seis anos, conta que morava com as três pequenas em um "quarto, sala, cozinha e banheiro", se considera vencedora e diz que a realidade hoje é bem diferente de há alguns anos. "Era bem difícil, muito apertado e nós não tínhamos cama, dormíamos no colchão no chão. Deixamos uma vida já estabilizada pra recomeçar do zero e sem nada, só com a coragem", relembra a mãe de Alini, hoje com 21, Yasashi, 16, Ayumi, 14, que nasceram no Japão e vieram fugindo de violência doméstica. Segundo Carvalho, ela era casada com um brasileiro descendente de japonês e moravam no Japão há alguns anos. "Vim fugida pra cá porque ele era violento tanto comigo quanto com as meninas. Não está nem um pouco preocupado com elas, lutei por três anos na justiça por um divórcio que saiu há três meses. A pensão e a guarda ainda luto na justiça lá no Brasil", diz. Com o apoio inicial da irmã, aos poucos a situação foi melhorando. Começou a trabalhar e ganhava U$500,00 dólares por semana como ajudante de faxina. "Pagava aluguel de U$700,00, mais as despesas da casa, saúde, alimentação, vestuário, etc, era bem apertado. Minhas filhas pediam celular, roupas, mas eu não podia dar. Me privava até de ir ao médico", destaca. Carvalho deixou de ser ajudante e de uns anos pra cá passou a trabalhar por conta própria, limpando sozinhas as casas, e hoje garante que sua renda é bem melhor e a vida é outra. "Por tudo que passei, me considero uma mulher vencedora". *O Census Bureau classifica os domicílios familiares (definidos como duas ou mais pessoas que vivem juntas relacionadas por nascimento, casamento ou adoção e um deles é o provedor) em três grupos: casal, mulher sem nenhum cônjuge e chefe de família do sexo masculino sem a presença do cônjuge. Leia também“Deu ‘blackout’ e isso acontece, é real”, conta brasileira que esqueceu filho no carro em NY
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