Sonhos - o que são e para que servem
Os sonhos são expressões dessa linguagem. São imagens dinâmicas (exatamente como os filmes) que comunicam algo que está acontecendo dentro da gente. Eu uso os sonhos da mesma forma como um médico usa um exame de sangue: uma coisa é o que se vê por fora e o que o paciente relata, outra é a situação dentro dele. O exame de sangue (como outros) complementa o relato da pessoa, e a partir daí é possível adotar uma estratégia de ação para melhorar sua qualidade de vida.
Para compreender os sonhos é preciso utilizar uma teoria. “Teoria” quer dizer um ponto de vista a partir do qual olhar para a realidade.
No Antigo Testamento, a “teoria” para interpretar os sonhos é aquela segundo a qual estes são mensagens de Deus. Freud usa outra teoria: segundo ele, os sonhos são expressões camufladas de desejos reprimidos, reprimidos, mas não mortos, que tentam ainda vir à superfície. Para Jung, os sonhos são expressões da totalidade da personalidade que segue seu impulso natural evolutivo e traz nos sonhos informações importantes para realizar seu projeto existencial.
Encontramos nos sonhos tanto o material psíquico reprimido ou deixado de lado como aquele que prospecta soluções e futuros desenvolvimentos. Em ambos os casos é preciso compreender a linguagem onírica para decifrar sua mensagem, o que só pode ocorrer tendo em vista o momento de vida do sonhador. Nesse sentido, os sonhos são sempre muito precisos. Mas eles têm também valor universal: há sonhos que trazem uma mensagem coletiva, porque se referem a questões sociais que se manifestam tanto na vida do sonhador como no meio social no qual ele vive. Isso demonstra a dimensão coletiva do inconsciente, que é o bojo de onde nascem os sonhos.
Dar valor aos nossos sonhos é, em primeiro lugar, um ato de respeito para conosco, faz parte de uma relação saudável consigo próprio. É como regar nosso jardim interno, para que não se torne árido e estéril.
Os sonhos sempre vêm até nós, mas se não lhes darmos importância, vão-se embora, deixando-nos sós em nosso monótono monólogo racional interno. A falta de sonhos é como um quadro branco que perdeu as cores e os desenhos que o preenchiam.
Relacionar-se com os sonhos é estabelecer um dialogar interior, com este mundo rico, complexo, cheio de personagens, tendências, ideias e desejos que todos temos dentro. Essa cidade interna é holográfica e os sonhos são sua obra prima. Ser reis de um reino que se desconhece não é lá muito sábio, certo?