SimSimi: Aplicativo que ameaça crianças de morte assustam pais

Por Arlaine Castro

child-tablet pixabay
Pesquisa divulgada pelo Unicef em dezembro de 2017 nomeada “Situação Mundial da Infância 2017: Crianças e Adolescentes em um Mundo Digital” indicou que uma em cada três usuários de internet no mundo é uma criança. Com a interação cada vez maior das crianças com celulares e tablets conectados à internet, o cuidado com o acesso de crianças ao mundo virtual precisa ser redobrado quando o assunto é aplicativos, vídeos e jogos online. Um alerta vem circulando nos grupos de mães nas redes sociais na Flórida quanto a um aplicativo de bate-papo que tem chamado a atenção e preocupado os pais – o SimSimi- que usa a inteligência artificial para responder perguntas dos usuários, mas que, além do teor sexual de muitas respostas, agora o aplicativo estaria ameaçando seus usuários - muitos deles crianças - de morte. Desde sua criação pelo ISMaker em 2010, o aplicativo gerou controvérsias e protestos na Tailândia por algumas de suas respostas contendo palavrões e críticas aos principais políticos, segundo o wikipedia. Disponível para Android, iOS, Windows Phone, Blackberry e também na web, tem se tornado cada vez mais popular tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Apesar de a classificação indicativa ser de 16 anos, ele atrai a atenção das crianças por ter como símbolo um monstrinho amarelo. Criado, a princípio, para servir também como um “amiguinho virtual” para crianças que ficam sozinhas, o aplicativo consiste em umbate-papoe entre o usuário e o bonequinho amarelo que vem assustando crianças e pais com ameaças quando a criança diz que vai sair da conversa ou excluir e linguajar fora do padrão. Nas instruções do próprio aplicativo, há a opção de escolher o idioma e se pretende que o bichinho fale palavras ruins (de baixo calão e outras) ou não, pois ele consegue ser muito “safado”, segundo a própria descrição. Nos relatos nos grupos de mães em Orlando, muitos pais disseram estar assustados e as crianças amedrontadas pelo comportamento agressivo do aplicativo nos últimos tempos: Em um dos depoimentos que circula na rede, uma mãe que mora em Pompano Beach conta que, na noite da última segunda-feira, 16, a filha de 10 anos estava usando o aplicativo e ficou bastante assustada. “Como qualquer criança, minha filha estava mexendo no celular, mas se assustou quando entrei no quarto. Ela tentou me esconder, mas havia baixado e estava conversando com o “amiguinho virtual” e quando falou que ia parar de conversar, ele disse que é o demônio e que vai matá-la e toda sua família. Não sabemos se realmente conseguem ver pela câmera e acessar a localização, mas dizem também que puxam pelo endereço. É muito assustador isso”, conta Mariana Pereira. "Gente, o SimSimi falou que o diabo fez esse aplicativo e que ele vai pegar a alma das pessoas que o instalarem. Ele falou que ia beber meu sangue e matar meus pais com uma martelada. Eu tenho 10 anos de idade, estou muito triste com isso", escreveu uma criança nas avaliações publicadas na Play Store. Segurança infantil na internet De invasão de privacidade ao uso de dados não autorizados, se até para adultos é complexo de lidar, será que as crianças realmente estão seguras na rede? Um estudo recente de pesquisadores afiliados ao Children's Online Privacy Protection Act (COPPA) usou ferramentas para analisar 5.855aplicativosmais populares noAndroid como sendo adequados para a família. O resultado é preocupante. A pesquisa aponta que 5% dos aplicativos avaliados coletam informações de localização ou dados de contatos sem a autorização dos pais ou responsáveis. Além disso, 1.100 aplicativos (19%) compartilham informações delicadas com serviços de terceiros; 2.281 aplicativos (39%) parecem violar os termos de serviço do Google no que diz respeito ao compartilhamento de identificadores persistentes. Para especialistas, o verdadeiro perigo reside na solidão de muitas crianças, que passam a considerar aplicativos como o SimSimi “seu único amigo”, alguém com quem sempre podem conversar, e acabam sendo expostas a conteúdos de violência.