Controle de venda de armas

Por Silvana Mandelli

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Nestes últimos dias tenho acompanhado as discussões com relação ao que aconteceu na escola de Parkland e como resolver o problema que é uma ponta de um iceberg. Minha admiração pelos Estados Unidos como país fica pendendo de cá para lá. Não consigo entender como um país com todo este potencial não consiga resolver ou minimizar ( porque a frequência com que tem acontecido tiroteios em escolas é vergonhosa). Assistindo a reunião dos alunos e líderes da Flórida com o Presidente Trump fico boquiaberta. Nem tanto pela falta total e completa de empatia que este cara possa demonstrar, mas pelas soluções apresentadas. Em nenhuma sugestão se toca na possibilidade de se restringir o uso de armas. Pelo contrário. Ele chegou a sugerir que se armasse os professores. Dá para imaginar uma situação destas? Já fui professora e não posso me imaginar portando uma arma em sala de aula e muito menos atirando em alguém, ainda mais em situações de desespero, com crianças envolvidas, aonde te seria no mínimo exigido precisão no tiro. Não é a coisa mais maluca que eu já ouvi na minha vida. E claro que a NRA achou a ideia ótimo e bondosamente se prontificou a fazer o treinamento devido. Sem chance!!!!! Estou orgulhosa dos alunos da Flórida por terem se unido e ido a procura de solução. Mas o pior é que li comentários criticando a atuação, dizendo que lugar de criança é na escola. Que eles não são eleitores, não podem falar. Mas o que que é isto minha gente? Durante o tempo que lecioneios melhores e mais inesquecíveis conteúdos foram exatamente os que os alunos trouxeram à baila. Tiro o meu chapéu para pais e professores que estão dando apoio a estes alunos. É a maior aula de cidadania que podem ter. Buscar o diálogo, se fazer ouvir, trocar ideias para resolver seus próprios problemas, problemas estes que não deveriam existir porque é responsabilidade do Estado oferecer segurança para que possam estudar em paz. Veio a baila que os autores destes tiroteios são doentes mentais. Claro que são. Não se discute isto. Como também não se discute que precisam de tratamento. Mas como é que um doente mental pode comprar uma arma? Para comprar bebida alcoólica só depois dos 21 anos. Até para mim pedem prova de identidade quando compro algo com álcool. Mas arma não tem problema. São estes disparates que estão me pondo louca. É notório o comprometimento com o lobby dos vendedores de armas. É notório os milhões de dólares que compram o comprometimento dos governantes. Não é possível que ninguém mude esta situação. Aqui neste país tem algumas palavras mágicas, que quando qualquer coisa aperta se agarram : liberdade e constituição são duas delas. Já foi dito, já foi mostrado em clippings, fotos, relatos que as armas que foram autorizadas a serem usadas a época da promulgação eram ridículos e jamais fariam os estragos que estas armas automáticas fazem. Um pai recebeu sua filha para enterrar com N O V E tiros. Um único estudante levou N O V E tiros. Não tem como se conformar. É só imaginar o que você faria se fosse seu filho ou seu neto. Estou tentando nem chegar a este ponto, porque já tem me atingido tanto esta situação que se personalizar entrou em depressão. O paradoxo é que o país preza a educação. Mas como educar se o ambiente não é seguro? Outro exemplo que sempre me emociona: os ônibus escolares. Quando param, abrem dois sinais de PARE e os carros obrigatoriamente tem que parar enquanto as crianças entram ou saem para prevenir que alguma seja atropelada, sem falar que no perímetro escolar a velocidade é 15 km por hora no momento da entrada e da saída. Tantos cuidados e ainda ocorrem tantas matanças Pior que o Pres. Obama já tinha assinado uma lei para restringir a venda de armas a pessoas com problemas mentais que foi revogada pelo Trump só pela obsessão de revogar tudo de bom que um presidente de outro partido tenha feito. Como ele explica isto? Minha esperança é que o Estado da Flórida tome um passo a frente e faça leis para proteger as crianças. O Estado pode, é independente para isto. E o imbecil do presidente achou a ideia ótima. Claro tira dos ombros dele a responsabilidade de tomar ação. Mas e os outros Estados? O que não dá para entender e admitir é que o país mais desenvolvido do mundo tenha na sua conta tantas mortes de inocentes num ambiente sagrado que é uma escola. Esperemos que as coisas mudem. Por enquanto, os que lutam para mudar esta situação tem a minha solidariedade e meu apoio. Um abraço Silvana