As notícias de Washington quanto ao anúncio de uma possível ordem executiva do presidente para a reforma imigratória são agora ambivalentes. Se o presidente Barack Obama fizer algo e os democratas perderem o poder no Congresso, ele será tão culpado como se não fizer nada e os democratas perderem no Congresso. Enquanto nas últimas semanas falava-se em datas como o feriado do dia 1º - que acabou de passar – e o final do verão, agora parece que teremos que esperar “só mais um pouco”.
Ora, para quem esperou desde a primeira eleição do presidente, que tinha a reforma como parte da sua campanha, por que não esperar um pouco mais? Nos últimos anos, a sensação do “agora vai” aconteceu várias vezes. Na maior delas, foi quando o Senado aprovou o projeto de lei bipartidário no ano passado. Depois disso, foi “questão de meses” até que a nova lei – que já era assim chamada – passasse pela Câmara, controlada pelos republicanos. Conclusão: ela está lá até hoje.
O jogo da reforma, como sempre e agora ainda mais, tornou-se político e não em prol dos mais de 11 milhões de imigrantes indocumentados que têm aguardado ansiosamente, fazendo planos – ou sem fazê-los – até que isso acontecesse.
Em um anúncio no dia 2, o porta-voz da Casa Branca afirmou que o presidente ainda irá agir, mas o prazo para isso ainda está sendo debatido. Enquanto isso, estamos certos que as comunidades imigrantes ficarão dentro desse ping-pong político.
Pelo menos devemos ficar felizes sobre uma questão semântica: ainda se fala em “quando” a ordem executiva será anunciada e ainda não chegamos ao momento do “se” ela será anunciada. Porém, não será de se admirar se o discurso alcançar o “se” e estender-se até as próximas eleições presidenciais.
Enquanto isso, a agenda do presidente fica lotada com um mundo de conflitos não só internos como externos também.
Esta semana, para residentes em Miami, onde muitos imigrantes sempre tiveram a ideia do terrorismo como algo que acontece do outro lado do mundo e distante, a execução de um jornalista freelancer de Pinecrest tornou esta realidade mais próxima.
A horrenda e brutal execução de Steven Sotloff, cuja mãe suplicou em vão a terroristas que poupassem sua vida na última semana, foi usada para enviar uma mensagem política e definir a política externa americana.
Questões como esta ou como o vírus do ebola, que segundo declaração do CDC e da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras esta semana, está fora de controle, não devem ser vistas com tanta distância. Afinal, elas têm batido em nossa porta, ou na porta de um vizinho, pedindo um alerta e mobilização geral, seja pela morte de um residente no sul da Flórida por terroristas, como pela forma que o presidente conduz politicamente essas situações, que podem refletir na decisão em relação e milhões de imigrantes.