Quando a minoria e a maioria se enfrentam, quem vence é o respeito - Editorial
Durante o jogo, um telão mostrava que o estádio alcançava um recorde para um jogo de futebol: 73.429 pessoas compareceram para assistir o jogo. De acordo com a “CBS Miami”, o recorde foi em todo o estado da Flórida e o quarto maior em todos os Estados Unidos em 2014. Em novembro do ano passado, outro amistoso entre Brasil e Honduras já havia alcançado o número recorde de 71.124 torcedores na Flórida, que só foi ultrapassado agora.
Quem esteve lá sabe que não é necessário nenhum grande estudo do Censo para se certificar que o número de torcedores brasileiros – ou de pessoas torcendo para o Brasil – era minoria.
Claro que a Seleção Brasileira não está nas melhores das fases: este foi o primeiro jogo da Seleção depois do final “trágico” da Copa do Mundo no Brasil e da derrota histórica do Brasil para a Alemanha, por 7 a 1. Já para os colombianos e torcedores da Colômbia, mesmo sem ter avançado muito na Copa, sua seleção teve um bom desempenho se comparado a outras Copas.
Enfim, o que mais interessa nisso tudo para nós, brasileiros que vivem nos Estados Unidos, é saber que não é somente a falta de interesse na Seleção Brasileira que fez o nosso número de torcedores ser menor no SunLife Stadium, na noite do dia 5, e sim porque somos, de fato, minoria entre os imigrantes.
Colombianos são a maior população de sulamericanos na Flórida, em números oficiais. De acordo com o Migration Policy, o número de estrangeiros residindo na Flórida em 2012 era 3.747.136, 19.4% da população do estado. Desse total, 2.801.286 são da América Latina, o equivalente a 74.8%; 863.105 são cubanos (23%), 258.988 são mexicanos (6.9%), 38.021 (1%) são de El Salvador e 297.562 (7.9%) de outros países da América Central. Da América do Sul, 232.160 (6.2%) são colombianos, 62.215 são brasileiros (1.7%) e 348.640 (9.3%) são de outros países da América do Sul.
Claro que podemos questionar os números oficiais de qualquer um dos países citados acima, uma vez que sabemos que muitos imigrantes não respondem ao Censo, principalmente por causa do seu status migratório.
Mas, é em momentos práticos como este, no qual um grande número de imigrantes se encontra, que questionamos quantos somos. Mesmo sendo minoria, além de ter ganhado o jogo, quem ganhou ali foi a diversidade. Duas torcidas, pessoas sentadas lado a lado com camisas de times diferentes e o respeito ao convívio em uma região na qual grande parte da população é imigrante. Todos venceram a partida nesse jogo amistoso.