Por que tantas empresas brasileiras buscam a Flórida, afinal? - Editorial
Não coincidentemente o governo da Flórida tem feito esforços, há quase uma década, ao levar missões comerciais ao Brasil no sentindo de buscar novos parceiros e atrair investimentos. Em 2011, durante a Expo Flórida em São Paulo, o governador Rick Scott voltou do país afirmando ter catapultado o montante de mais de $61 milhões de dólares em futuros negócios brasileiros para o estado. Em 2007, o ex-governador Charlie Christ também havia visitado São Paulo em missão comercial, interessado especificamente na indústria da energia renovável. Para tal, ambos acenaram com incentivos fiscais – leia-se redução de impostos - baseados na quantidade de empregos gerados.
Mas outro motivo para essa invasão é a necessidade cada vez maior das grandes empresas diversificarem e globalizarem os seus negócios, buscando mercados além das fronteiras. Esse caminho é feito também por empresas norte-americanas, que cada vez mais estão de olho no Brasil. Empresas como a Remax, Smoothie King, Forever New, Wendy’s, Chessecake Factory, Stake’n Shake, Planet Hollywood e Texas Roadhouse já buscam investidores, e algumas já estão em vias de instalação no país.
É claro que essa parceria comercial é impulsionada também pelo poder de compra dos turistas brasileiros, que aparecem como consumidores em potencial de produtos norte-americanos há várias décadas. Em 2013, o número de brasileiros nos Estados Unidos aumentou 15%. Foram 2,06 milhões no país, sendo Flórida e Nova York os destinos mais procurados. Os gastos dos brasileiros chegaram a $10,5 bilhões de dólares, um aumento de 560% em relação a 2004. Em Orlando, não é novidade que os outlets estão abarrotados de brasileiros fazendo compras. “Shopping” é a primeira atividade de 95% dos brasileiros que vem aos Estados Unidos. Visitar pontos turísticos vem em segundo lugar na preferência, de acordo com dados Departamento de Comércio dos Estados Unidos. O mercado imobiliário de Miami e Orlando também vem agradecendo a parceria. Na terra do Mickey, os hotéis estão sendo substituídos por compra de timeshares e aluguéis de casas de temporada, e 20% desse mercado de aluguel é tomado por brasileiros de classe C, o que demonstra uma mudança no perfil econômico do brasileiro que vem aos EUA.
Com tanta sinergia e empatia entre os dois países, o futuro aponta um só caminho: o estreitamento cada vez maior dessa ponte aérea Flórida-Brasil nos próximos cinco anos. E não se estranhe se, em breve, o português seja oficialmente a terceira língua do estado.