Por que a proliferação de algas na Flórida pode ser considerada uma crise?

Por Arlaine Castro

Martin County Bob Hogensen phys.org
Morte da vida marinha A mortandade de peixes e outras vidas marinhas também está ligada à maior presença das algas porque acabam se alimentando delas, porque as águas não estão com nível de oxigênio normais, que acontece por causa do excesso de nutrientes nas águas causada em parte pela poluição. "Está tudo interconectado", explica a brasileira Camila Quaresma-Sharp, diretora da Sharp Dentistry que trabalha com programas de educação ambiental e faz parte do grupo de diretores e de comitês de algumas ONG's ambientais no sul da Flórida. Envolvimento da população  Diretamente envolvida com essa questão e no último ano do curso de Sustentabilidade e Meio Ambiente, Camila explicou ao Gazeta News sobre o fenômeno ambiental que é um problema e que envolve as autoridades competentes mas também toda a população. "Há anos cientistas e ambientalistas estão avisando que isso poderia acontecer. É algo complexo, mas muito simplesmente pode ser explicado por uma falta de infraestrutura pra lidar com o desenvolvimento desenfreado do sul da Flórida. As causas incluem: um sistema de esgoto velho, muitas fossas sépticas que estão criando mais problemas de contaminação das águas por causa do aumento do nível do mar, poluição (como pesticidas e fertilizantes que acabam nos nossos canais), o nosso sistema de drenagem de águas pluviais que carrega toda a poluição tanto dos fertilizantes como sujeira das ruas", aponta. E esclarece que tudo isso causa um excesso de nutrientes nas águas e cria condições ideais para a proliferação das algas, "somada ainda às águas mais quentes - acaba virando um ciclo vicioso. Há também menos fotossíntese das plantas aquáticas (pois a luz do sol é bloqueada pelas algas) e ao morrerem, a decomposição dos animais e plantas também contribuem para a adição de mais nutrientes nas águas", explica. [caption id="attachment_204412" align="alignright" width="207"] Camila-Quaresma-Sharp durante o Biscayne Bay Marine Health Summit 2019.[/caption] Força-Tarefa e conscientização Segundo Camila, a região norte do Biscayne Bay está a ponto de ver um desastre ambiental, e, dentre as soluções que devem ser buscadas urgentemente, estão legislações, implementação e cumprimento dessas leis, além de maior participação da população para pressionar as autoridades. “Depois do Biscayne Bay Marine Health Summit de 2017 e 2019, conseguimos formar uma Forc?a-Tarefa para o Biscayne Bay e acabou de sair as recomendac?o?es que precisamos que sejam implementadas pelo MIami Dade County. Estamos agora precisando de ac?o?es urgentes e de ajuda para conscientizar a populac?a?o da necessidade de termos essas recomendac?o?es adicionadas e aprovadas na pro?xima reunia?o deles dia 31 de Agosto", destaca.  Pesquisas Pesquisadores da University of Florida descobriram uma maneira de controlar o crescimento dessas algas verdes tóxicas, conforme divulgado pelo canal ABC.  O Dr. Yousong Ding da Faculdade de Farmácia da UF e sua equipe de pesquisa identificaram uma enzima capaz de impedir o crescimento de algas. A enzima não afeta humanos e animais e pode ser usada com segurança em vias navegáveis. Essa pesquisa também pode ser usada para combater bactérias resistentes a antibióticos. “Nós encontramos uma maneira de essencialmente privar as cianobactérias de um nutriente importante e essencial para o seu crescimento”, disse Ding. “Se pudermos controlar o desenvolvimento da proliferação de cianobactérias, poderemos recuperar nossa capacidade de manter essas algas prejudiciais longe dos lagos e rios de água doce da Flórida.”