A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira, 19, 27 pessoas suspeitas de fazer parte de uma quadrilha de tráfico internacional de drogas e contrabando de materiais - estes últimos tinham como destino maior Miami, que atuava no aeroporto internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro.
Ao todo foram expedidos 36 mandados de prisão e um mandado de condução coercitiva contra funcionários e terceirizados que trabalham no aeroporto, incluindo empregados da Receita Federal.
A Operação, batizada de “Rush” é a maior já realizada no Galeão, segundo a polícia. A investigação começou em fevereiro deste ano, quando a PF descobriu que uma mala foi despachada do Rio de Janeiro em um voo para Amsterdam, mas em nome de um casal que voou para Salvador. A mala foi devolvida para o Galeão e, ao passar pelo raio X, foram descobertos 37 quilos de cocaína.
Além do tráfico de drogas, a "Máfia do Galeão" também atuava no contrabando e desvio de bebidas de aeronave. No núcleo de contrabando, as malas de voos internacionais, onde a maioria tinha Miami como destino, não passavam pela Receita Federal, logo, não eram vistoriadas. Isso era feito através do desvio das mesmas para as esteiras dos voos domésticos, que não passam por fiscalização, e onde os donos das malas fazem a retirada.
O esquema
Segundo a polícia, funcionários do aeroporto escolhiam um passageiro de forma aleatória e colocavam em uma mala cheia de drogas em seu nome, e então encaminhavam essa bagagem para um voo internacional, que ia, geralmente, para a Europa. A operação foi batizada como "Rush".
Os funcionários de empresas aéreas e da Receita Federal também facilitavam a saída de malas com roupas, eletrônicos, e até cabelos. O intuito era evitar a fiscalização alfandegária e o consequente pagamento do tributo devido. Quando o passageiro passava pelo canal de inspeção da Receita Federal, em geral portava apenas bagagens de mão.
Após a ação dos operadores de bagagens, as malas eram retiradas por um funcionário da companhia aérea no interior do setor de desembarque doméstico (esteira para retirada de bagagens) e entregue ao passageiro no saguão do aeroporto ou até mesmo na calçada exterior do aeroporto.
Em outra frente de atuação nesse mesmo esquema, funcionários do Galeão se encontravam com passageiros participantes do esquema na porta da aeronave e os acompanhavam até o canal aduaneiro, onde um servidor da Receita Federal liberava as malas que passavam pelo raio X mesmo que identificasse mercadoria entrando de forma irregular sem recolhimento dos tributos e taxas legais. Durante as investigações, um servidor foi flagrado recebendo propina para liberar mercadorias.
Já o último núcleo criminoso furtava, com frequência diária, garrafas de vinho, champanhe e garrafas em miniatura de bebidas do interior das aeronaves em pouso. Funcionários da empresa de "catering" levavam as garrafas para áreas conhecidas como "pontos cegos", onde era feita a triagem.
Membros de empresas com trânsito livre na pista do Galeão também atuavam no esquema e eram responsáveis por retirar a mercadoria furtada das dependências do aeroporto. Agentes de portaria e segurança também eram cooptados para fazer "vista grossa" na saída das bebidas, que, posteriormente, eram vendidas para receptadores predefinidos.
Em setembro, a PF realizou a prisão de dois funcionários do aeroporto e de um receptador. Foram apreendidas cerca de 2.715 garrafas de bebidas, veículos e dinheiro.
Em nota, a concessionária RIOGaleão afirmou que desde o início de sua atuação, em 2014, "apoia as investigações e ações da Polícia Federal e demais órgãos públicos para coibir atos ilícitos no Aeroporto Internacional Tom Jobim, onde atuam mais de 15.000 funcionários de 650 empresas".
Com informações do G1.