Pelo menos 49 brasileiros estão entre os menores separados dos pais na fronteira

Por Gazeta News

Em número bem maior do que o declarado anteriormente, o cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa, disse ao G1 que recebeu do governo americano a informação de que, até a última sexta-feira, 15, havia 49 crianças brasileiras em abrigos nos Estados Unidos, depois de terem sido separadas dos pais na fronteira. Isso eleva drasticamente o número de apenas 8 menores declarado nos últimos dias. Mesmo com a assinatura da ordem executiva encerrando as separações das famílias na fronteira na última quarta-feira, 20, as milhares de crianças que já estão nos abrigos, continuarão até que o processo que os pais respondem na justiça termine. Ainda não há definição sobre elas. Dentre as milhares, pelo menos os 49 menores brasileiros que estão em abrigos espalhados pelo país. Assim como a maioria, elas foram separadas dos pais ao atravessarem ilegalmente a fronteira entre o México e os Estados Unidos. As informações são do Consulado do Brasil em Houston, no Texas, dadas à Folha de São Paulo. Os menores brasileiros têm entre seis e 17 anos e, de acordo com o consulado do Brasil em Houston, no Texas, não há notícias de maus-tratos e as condições dos abrigos são boas. De acordo com Felipe Costi Santarosa, cônsul-geral adjunto do Brasil em Houston, anteriormente, o número de casos da mesma natureza era de dois ou três por ano. Neste momento, são pelo menos quatro por mês. Vídeo e áudio mostram realidade das crianças separadas dos pais em abrigo no Texas Os pais foram processados por atravessar ilegalmente a fronteira e, consequentemente, enviados para prisões. De acordo com a política de “tolerância zero”, as crianças não podem frequentar estes estabelecimentos e são encaminhadas para abrigos espalhados pelos Estados Unidos. Nas últimas seis semanas, cerca de duas mil crianças imigrantes foram separadas dos pais nos Estados Unidos. Localização desconhecida O consulado brasileiro tem tentado estabelecer contato entre as famílias brasileiras. Até o momento, nenhuma delas foi reunida. As mães das crianças estão detidas no Texas ou no Novo México, a cerca de 500 km de distância dos filhos, segundo o Consulado do Brasil. Muitas não sabiam da localização dos filhos há semanas até serem contatadas pelo Consulado. Rick Scott fica contra Trump em separação de famílias na fronteira “Foi emocionante”, disse Santarosa, a respeito de uma mãe que conseguiu falar com o filho por telefone depois de semanas sem contato nenhum. O Consulado foi contatado pelas próprias instituições americanas, na tentativa de localizar os pais das crianças, pelas famílias no Brasil ou por advogados. Em todos os casos, a mãe ou guardião legal estava detido pelas autoridades de imigração. Os abrigos estão quase totalmente lotados. Muitas destas crianças viajaram sozinhas, fugindo da violência dos seus países de origem. Porém, a maior parte foi separada dos pais, que se encontram detidos pelas autoridades de imigração. Governo brasileiro Em nota à imprensa, o Itamaraty disse na quarta-feira que o governo brasileiro mantém consultas regulares sobre temas consulares com o governo norte-americano e que"acompanha com muita preocupação o aumento de casos de menores brasileiros separados de seus pais ou responsáveis que se encontram sob custódia em abrigos nos Estados Unidos, o que configura uma prática cruel e em clara dissonância com instrumentos internacionais de proteção aos direitos da criança".

O governo brasileiro espera que a ordem executiva emitida na última quarta-feira, 20, pelo governo norte-americano implique a efetiva revogação da prática de separação entre os menores e seus pais ou responsáveis.

O Ministério das Relações Exteriores informou ainda que orientou os consulados do Brasil nos Estados Unidos a reforçarem as medidas que já vêm sendo adotadas nos últimos anos para a proteção consular aos menores de nacionalidade brasileira, entre as quais:

a) mapeamento de todos os abrigos ao redor do país para a identificação de novos casos;

b) intensificação do monitoramento e da assistência consular aos menores, com visitas regulares;

c) orientação a pais/responsáveis de ações legais que podem ser impetradas com vistas à recuperação da guarda e reunificação familiar;

d) realização de campanhas de esclarecimento, em coordenação com os conselhos de cidadãos brasileiros nos Estados Unidos, sobre os riscos da travessia pela fronteira, em especial com menores de idade;

e) coordenação e intercâmbio de informações com as repartições consulares dos demais países emissores de emigrantes.