Vídeo e áudio mostram realidade das crianças separadas dos pais em abrigo no Texas
Os pais foram processados por atravessar ilegalmente a fronteira e, consequentemente, enviados para prisões. De acordo com a política de “tolerância zero”, as crianças não podem frequentar estes estabelecimentos e são encaminhadas para abrigos espalhados pelos Estados Unidos. Nas últimas seis semanas, cerca de duas mil crianças imigrantes foram separadas dos pais nos Estados Unidos.Localização desconhecida
O consulado brasileiro tem tentado estabelecer contato entre as famílias brasileiras. Até o momento, nenhuma delas foi reunida. As mães das crianças estão detidas no Texas ou no Novo México, a cerca de 500 km de distância dos filhos, segundo o Consulado do Brasil. Muitas não sabiam da localização dos filhos há semanas até serem contatadas pelo Consulado.Rick Scott fica contra Trump em separação de famílias na fronteira
“Foi emocionante”, disse Santarosa, a respeito de uma mãe que conseguiu falar com o filho por telefone depois de semanas sem contato nenhum. O Consulado foi contatado pelas próprias instituições americanas, na tentativa de localizar os pais das crianças, pelas famílias no Brasil ou por advogados. Em todos os casos, a mãe ou guardião legal estava detido pelas autoridades de imigração. Os abrigos estão quase totalmente lotados. Muitas destas crianças viajaram sozinhas, fugindo da violência dos seus países de origem. Porém, a maior parte foi separada dos pais, que se encontram detidos pelas autoridades de imigração.Governo brasileiro
Em nota à imprensa, o Itamaraty disse na quarta-feira que o governo brasileiro mantém consultas regulares sobre temas consulares com o governo norte-americano e que"acompanha com muita preocupação o aumento de casos de menores brasileiros separados de seus pais ou responsáveis que se encontram sob custódia em abrigos nos Estados Unidos, o que configura uma prática cruel e em clara dissonância com instrumentos internacionais de proteção aos direitos da criança".O governo brasileiro espera que a ordem executiva emitida na última quarta-feira, 20, pelo governo norte-americano implique a efetiva revogação da prática de separação entre os menores e seus pais ou responsáveis.
O Ministério das Relações Exteriores informou ainda que orientou os consulados do Brasil nos Estados Unidos a reforçarem as medidas que já vêm sendo adotadas nos últimos anos para a proteção consular aos menores de nacionalidade brasileira, entre as quais:
a) mapeamento de todos os abrigos ao redor do país para a identificação de novos casos;
b) intensificação do monitoramento e da assistência consular aos menores, com visitas regulares;
c) orientação a pais/responsáveis de ações legais que podem ser impetradas com vistas à recuperação da guarda e reunificação familiar;
d) realização de campanhas de esclarecimento, em coordenação com os conselhos de cidadãos brasileiros nos Estados Unidos, sobre os riscos da travessia pela fronteira, em especial com menores de idade;
e) coordenação e intercâmbio de informações com as repartições consulares dos demais países emissores de emigrantes.