Pai nos EUA luta para receber pensão da mãe dos filhos no Brasil

Por Marisa Arruda Barbosa

Alexandre com Enzo e Victoria - Copy - Copy

A luta de Alexandre Ferrari tem sido a oposta de muitas famílias: há anos ele tem a guarda dos filhos e tenta receber pensão alimentícia da mãe, que vive no Brasil. A batalha jurídica acontece nos Estados Unidos e no Brasil, mas por ser pai solteiro, Alexandre diz que a lei não parece ser tão compreensiva como com as mães.

Hoje, Alexandre vive com o filho mais novo, Enzo, de 14 anos, enquanto sua filha mais velha, Victoria, de 16, vive com a avó materna, em Pompano Beach, desde 2011. Como a avó pediu ajuda do governo, Alexandre foi citado pelo Department of Revenue (DOR) e paga pensão para a avó materna, enquanto não recebe nada, nem do governo tampouco da mãe, para cuidar do filho mais novo.

“O DOR abriu um processo de ‘child support’, já que a avó está em ‘wellfare’ desde 2011, quando a Victoria saiu da minha casa. Eu ingenuamente achei que isso seria um alívio depois de mais de uma década cuidando das crianças – e da avó delas - sozinho”, explica. “Em dezembro de 2013, recebi a ordem da Justiça americana para pagar $561.40 dólares, mais $8 mil dólares retroativos ao governo, que ajuda a avó materna. Eu não tenho nada para o Enzo, ou melhor, estão roubando de uma criança para dar a outra. Isso é a Justiça. Se a Victoria precisa de suporte, creio que sua mãe, que nunca pagou nada, deva assumir essa obrigação”.

Para ter sua causa reconhecida, Alexandre já enviou cartas aos senadores Marco Rubio e Bill Nelson, ao presidente Barack Obama, Office of Child Support Enforcement, Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional em Brasília. Sem conseguir o resultado desejado, ele procurou ainda emissoras de TV e a Associação de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, em Juiz de Fora. “Mesmo assim, continuo procurando uma solução”, disse. A história Alexandre e Anelise Magaldi Vieira se conheceram no sul da Flórida, quando ele veio, em 1996, para estudar inglês na Florida International University e pretendia depois estudar direito, algo que não aconteceu. Hoje, ele trabalha em uma empresa de telecomunicação em Boca Raton e lida com os custos de uma longa batalha judicial no Brasil e EUA.

Anelise engravidou da filha mais velha, Victoria, hoje com 16 anos. Dois anos depois, veio Enzo, em janeiro de 2000. Depois disso, ele e Anelise voltaram para o Brasil. Segundo Alexandre, foi nessa época que eles terminaram o relacionamento.

Alexandre conta que no período em que seus filhos viveram no Brasil, moraram com familiares e um tempo com a avó materna, para quem Anelise, que vive em Juiz de Fora, teria passado a guarda dos filhos em 2005.

“No final de 2001, Victoria e a avó vieram morar comigo. Eu não tinha escolha, pois queria cuidar dos meus filhos e precisei da ajuda da avó. Quando Victoria chegou aos EUA, entrei com pedido de pensão alimentícia, mas a mãe  ficou fugindo para não receber a intimação”, explica Alexandre, que é de Belo Horizonte.

Além do problema da pensão de alimentos, Alexandre conta que quando Anelise registrou os dois filhos nos Estados Unidos, não o colocou como pai na certidão. Ele relata que precisou provar e acrescentar seu nome nas certidões mediante exame de DNA.

No Brasil, o pai  ainda move uma ação de Pensão de Alimentos. Nos Estados Unidos, ele luta na Justiça para que a filha volte a viver com ele para que não precise mais pagar pensão.

O GAZETA não conseguiu contato com Anelise até o fechamento desta edição.