Não é à toa que os Estados Unidos dedicam um mês inteiro para prevenir e combater o câncer de mama. Somente em 2014, acredita-se que 300 mil novos casos (232.670 novos casos de câncer invasivo e 62.570 casos de não invasivo) sejam diagnosticados, segundo o Breastcancer.org, e uma em cada 8 mulheres devam desenvolver a doença durante sua vida, o que equivale a 12% da população. Até o final do ano, 40 mil mulheres devem morrer no país, vítimas da doença. Os números são altos e alarmantes, por isso que, em todo mês de outubro, o país se mobiliza para reverter essa situação, através de campanhas e eventos “rosas”.
Foi exatamente durante o Outubro Rosa de 2013 que a paranaense Mariclene Mello, 49 anos, que vive em Deerfield Beach, viu seu nome entrar para essa estatística. Ao ler uma matéria no jornal GAZETA sobre mamografias gratuitas, oferecidas pela Dra. Nilza Kallos, se dirigiu ao local para um exame e, dias depois, recebeu a confirmação do tumor na mama.
Foi um choque para ela e sua família, mas Mariclene não se deixou abater. Como não tinha seguro médico, começou a encontrar barreiras para o tratamento. Após o diagnóstico, teve sua história contada nas páginas do GAZETA NEWS e assim conseguiu ajuda.
“Mais uma vez, o GAZETA me ajudou. Vocês foram um anjo na minha vida. Através da reportagem, uma pessoa me ligou e me falou pra tentar atendimento no hospital Holly Cross”, relata a brasileira. Ela se dirigiu à instituição hospitalar, fez um cadastro, e dois dias depois recebeu a notícia de aprovação e pôde então iniciar seu tratamento, em dezembro. O tratamento No início foram 4 sessões de quimioterapia para reduzir o tamanho do tumor, que já media entre 3 e 4 centímetros. Após a quimioterapia, o tumor foi reduzido para 8 milímetros, o que já possibilitava a intervenção cirúrgica. A paranaense foi submetida à cirurgia em maio deste ano, e recebeu então mais 12 sessões de quimioterapia. Atualmente segue com tratamento de radiação, diariamente. “Todos os dias tenho que ir ao Holly Cross, até completar as 33 sessões de radiação”, explica.
Durante todo o processo, ela explica que a pior parte foi ver alguns amigos se afastarem no momento de dificuldade. “Nessa hora a gente descobre quem é amigo de verdade”, se queixa.
Mariclene teve que mudar todo seu estilo de vida para se acomodar à nova condição. Foi acolhida pelo ex-marido e passou a morar em sua casa com a filha Atiara Mello, de 22 anos, sem pagar aluguel. Passou a contar também com ajuda de terceiros já que, durante o tratamento, ficou debilitada. “Mas não deixei de trabalhar por completo. Minha filha começou a me ajudar na limpeza de casas, fazendo a parte mais pesada do trabalho”, conta.
Do tratamento em si, não se queixa muito dos efeitos colaterais. “Tive muita insônia, o cabelo caiu, mas não emagreci. Até ganhei peso”, relata. Mariclene diz que a pior parte são os resquícios da medicação. Ela agora trata 30 úlceras que adquiriu no estômago, devido aos medicamentos fortes.
LIÇÃO DE VIDA
De toda essa experiência, Marclene tirou uma lição: valorizar menos as coisas materiais. “Isso faz com que a gente dê valor à vida, à saúde. A gente se preocupa tanto em trabalhar, adquirir bens e esquece de viver ”, ressalta, acrescentando: “Hoje me considero mais feliz que antes. Deus me deu oportunidade de aprender a não me apegar a coisas materiais”.
Para outras mulheres que passam pelo mesmo problema, deixa uma mensagem: “Tenham fé. A necessidade obriga a gente a ser forte, mas Deus está em primeiro lugar na nossa vida. Tenho muita fé”, completa.
O câncer de mama é o que mais mata mulheres nos EUA e as latinas ocupam o terceiro grupo de maior incidência. Mais informações sobre a doença podem ser obtidas no website www.breastcancer.org.