Não é só no Brasil que professores, bibliotecários, secretários, cantineiras, e outros profissionais da educação travam uma árdua batalha por melhores condições de trabalho e remuneração. Na Flórida, o ano já começou com protestos e petições aos governantes.
Esta semana, quando teve início a sessão legislativa estadual, milhares de professores marcharam até Tallahassee para reivindicar um aumento em meio à votação de propostas de investimentos para o setor.
Claro que a diferença em "como funciona a máquina administrativa" aqui e lá no Brasil é grande. Em alguns pontos, nem há o que se questionar. Um deles é o interesse em realmente melhorar a realidade e subir no ranking da qualidade da educação. Nenhum governo gosta de ver o seu nome quase em último lugar quando deveria estar nos primeiros. Nesse ponto a Flórida não está muito orgulhosa.
O estado enfrenta o desafio de melhorar investimentos em educação pública e deixar de ser um dos estados com mais baixo investimento em educação pública. A Flórida vem lutando para melhorar seu sistema de ensino: professores mal remunerados em comparação com outros estados, falta de profissionais licenciados, rotatividade de professores, etc - esses são alguns dos principais desafios que o atual governo vai ter que se desdobrar para resolver.
Na matéria especial desta edição, a realidade que muitas vezes passa desapercebida é de que o salário médio de professores da Flórida, que girava em torno de US $ 48.168 em 2018, ficou em 46º no país, de acordo com relatório da Associação Nacional de Educação.
Além disso, a Flórida está entre os dez estados cujos financiamentos para estudantes são os mais baixos e o financiamento estadual para a educação não subiu acima dos níveis pré-recessão há 10 anos, segundo a Associação de Educação da Flórida.
Na verdade, para combater essa defasagem no sistema público de ensino, a Associação de Educação da Flórida está exigindo um financiamento bem maior do que o proposto pelo governo do estado ou pelos deputados e senadores, e defendem um projeto que chamam de uma "Década de Progresso". (Veja na matéria as propostas separamente).
Continuando a parte de uma comparação inevitável que quem é brasileiro faz e logo pensa: "mas a educação pública aqui é muito boa, nem se compara com o Brasil", claro que, em muitos critérios, mesmo sendo um ensino público, é de ótima qualidade. Mas essa crítica à qualidade da educação na Flórida se faz em comparação com os outros estados.
Por exemplo, enquanto a Califórnia e Nova York estão entre os primeiros que mais valorizam os seus professores e que mais investem na educação, a Flórida é quase a última, segundo o relatório da Associação Nacional de Educação (veja dados e link do relatório na reportagem da página 10). É nesse ponto que deve ser olhada essa discussão.
No cenário mundial, os países que lideram o ranking mundial da educação, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), investem na valorização de professores e em ações para diminuir a desigualdade entre alunos e escolas. Na edição de 2018, participaram 600 mil estudantes de 15 anos de 80 países diferentes.
Os Estados Unidos, país mais rico do mundo, ocupam o 11º lugar em leitura, o 30º em matemática e o 16º em ciências. O Brasil subiu três posições no ranking geral, mas segue em 59º entre as 79 nações avaliadas. O país é o 42º em leitura, o 58º em matemática e o 53º em ciências.
Dessa forma, há que se considerar vários critérios quando o assunto é educação. Como em qualquer área que precisa de injeção de bilhões de dólares, o setor escolar da FL carece de investimentos que vão desde salários dignos aos professores e demais profissionais, bem como materiais e infraestrutura. Só assim, haverá mudança na realidade da educação pública que, por enquanto, não está entre as melhores do país.