Vôlei como carreira profissional
Viktoria Velika, de 22 anos, é uma estudante-atleta internacional que está em Miami cursando Inglês e Escrita Profissional. Nascida e criada na Eslováquia, ela tem um histórico longo de viagens profissionais jogando vôlei pela Europa, e seu histórico lhe proporcionou a possibilidade de uma bolsa de estudos na Barry University. Devido aos acontecimentos referentes ao vírus da COVID-19, no entanto, a prática profissional semestral que lhe garante a bolsa de estudos foi completamente afetada e teve de ser adaptada. Os esportes universitários preparam-se por um semestre do ano para as temporadas de jogos que ocorrem no semestre seguinte, e a temporada do outono de 2020 teve de ser adiada. Viktoria conta ao Gazeta News os detalhes práticos das mudanças e como se sentiu mental e fisicamente, sendo uma atleta que treinava todos os dias o ano inteiro, passar o primeiro ano de sua vida desde a infância parada em quarentena por seis meses. Conferências foram realizadas, segundo Viktoria, para que decisões referentes à temporada de competições acontecessem. A maioria votou que a temporada fosse transferida para 2021 e o outono deste ano fosse usado para os treinos. Os treinos, ela detalha, vão acontecer de forma bem diferente. As atletas precisarão medir a temperatura antes de começar a praticar, sanitizar as bolas a cada quinze minutos, e as partidas com não mais do que um grupo pequeno de duas ou três jogadoras, assim se revezando. Viktoria também explicou para o Gazeta como se sentiu durante os meses parada após o surto do COVID-19. Uma das principais diferenças que notou em seu dia a dia foi a ausência de regras. “Como atleta, estou acostumada com cronogramas que não são criados por mim, e sim pelo técnico. Essa foi a minha vida desde os meus 10 anos de idade, eu sigo regras e vivo em torno dos cronogramas criados por outras pessoas.” Ela conta que a forma como reagiu ao tempo livre que tinha foi diferente do que esperava. “Com a pandemia, de repente eu estava com todo esse tempo livre nas mãos para fazer o que eu quisesse. Eu planejava me exercitar por conta própria, desenhar, ler meus livros, mas meu corpo não correspondia”. Entretanto, por mais que a pandemia não tenha atingido suas expectativas, ela percebeu como o esporte é importante em sua vida. “Mesmo o vôlei me trazendo muito estresse como atleta, eu percebi, durante a pandemia, que na verdade o esporte é um escape da realidade necessário para mim. Me deixa mais animada quando estou me sentindo para baixo. Sem o vôlei como escape, é muito difícil e estranho. Achei que seria diferente ter um tempo para descansar, mas agora sinto que uma parte de mim está faltando.” Viktoria conta ao Gazeta que o vôlei não irá se resumir aos anos universitários de sua vida. “Quero tentar jogar profissionalmente após a graduação, e a pandemia me fez perceber o quanto eu amo vôlei e o quanto eu amo ser uma atleta.”Torneios cancelados
Gabriela Lara, apesar de não ser uma atleta profissional, tem o vôlei como estilo de vida e parte importante de sua rotina de bem estar. Ela é a organizadora de um grupo de brasileiros no sul da Flórida que se encontra para partidas mais descontraídas e torneios mais sérios. Moradora do condado de Broward, Gabriela tem uma página dedicada ao esporte na Flórida. A página “@brazucasnaflorida” no Instagram foi criada para que todos os amantes do esporte se unissem em um só lugar e o encontro e planejamento de partidas e torneios fosse mais fácil. O grupo ganhou o prêmio Focus Brasil como melhor evento comunitário, premiação que reconhece brasileiros de destaque fora do país. Gabriela contou ao Gazeta News que, quando a pandemia se espalhou, em março, a cidade de Deerfield cancelou um torneio que havia sido formalmente organizado e documentado. Após o cancelamento, passou alguns meses em quarentena e explicou que, em longo prazo, percebeu como o esporte fez falta no seu dia a dia. Na quarentena, sem jogar, não tinha mais a sensação de bem-estar que o esporte lhe proporcionava. Além disso, não havia mais a socialização com outros brasileiros que também veem no vôlei uma fonte de bem-estar. Aos poucos, Gabriela contou que voltou a se encontrar para partidas em praias e cidades diferentes, porque atualmente nada está certo. Em Pompano, por exemplo, ela levou a própria rede e não houve nenhum problema. Entretanto, ela conta que na praia de Deerfield recentemente tiveram que parar de jogar pois houve reclamações de outras pessoas. Um policial se aproximou e até confessou que por ele não havia problema, mas as pessoas se sentiram incomodadas então as partidas foram encerradas naquele dia. Atualmente, torneios oficiais ainda não estão acontecendo mas Gabriela e seu grupo continuam se encontrando em praias diferentes para tentar manter esse hábito tão necessário em suas vidas. As prefeituras e seus respectivos departamentos de Miami-Dade, Broward e Palm Beach foram contactadas pelo GN para se pronunciarem sobre medidas de segurança e recomendações em relação aos esportes ao ar livre, mas nenhuma respondeu. O esporte é fonte de bem-estar e adrenalina necessária para quem o pratica. Com a pandemia, esportes como o vôlei foram extremamente afetados e fãs do esporte, assim como atletas profissionais, tiveram que lidar pela primeira vez com a falta que a ausência fez em suas vidas. Aos poucos, as atividades estão voltando ao normal de forma adaptada, essa é a “nova realidade” muito citada.