Situação Econômica Mundial para 2024

Taxas de juros persistentemente altas, escalada de conflitos, comércio internacional lento e desastres climáticos crescentes representam desafios significativos.

Por POR | ARLAINE CASTRO

O crescimento econômico global deve desacelerar de uma estimativa de 2,7% em 2023 para 2,4% em 2024. O desempenho estará abaixo da taxa de crescimento pré-pandemia de 3,0%, de acordo com o relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas para 2024, publicado pelas Nações Unidas.

O principal relatório econômico da ONU apresenta uma perspectiva econômica negativa para o curto prazo. A previsão surge após o desempenho econômico global ter superado as expectativas em 2023.

No entanto, o crescimento do PIB mais forte do que o esperado no ano passado mascarou riscos de curto prazo e vulnerabilidades estruturais. Taxas de juros persistentemente altas, escalada de conflitos, comércio internacional lento e desastres climáticos crescentes representam desafios significativos para o crescimento global.

As perspectivas de um período prolongado de condições de crédito mais rígidas e custos de empréstimos mais altos dificultam o avanço da economia mundial. Nessa realidade será necessário fazer mais investimentos para estimular o crescimento, combater a mudança climática e acelerar o progresso em direção aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Perspectivas de baixo crescimento para a América Latina e o Caribe

As perspectivas de crescimento na América Latina e no Caribe estão se deteriorando. Em 2024, a projeção é de que o PIB regional cresça apenas 1,6%, depois de atingir um crescimento estimado de 2,2% em 2023.

Embora a inflação esteja recuando em várias economias, o espaço fiscal limitado e o fraco investimento continuarão a prejudicar a capacidade da região de enfrentar os desafios sociais e a mudança climática.

Projeta-se que o crescimento do PIB no Brasil desacelere de 3,1% em 2023 para 1,6% em 2024, devido aos impactos prolongados das taxas de juros mais altas e da desaceleração da demanda externa.

No México, a projeção é de que o PIB cresça 2,3% em 2024, após uma expansão de 3,5% em 2024. A Argentina continua em crise, em meio à alta inflação.

A região precisará redobrar esforços para reduzir a evasão e fiscal e aumentar a progressividade dos sistemas tributários para atender às suas necessidades de financiamento.

A América Latina continua enfrentando o desafio crucial de implementar políticas macroeconômicas e industriais contracíclicas ativas para impulsionar o crescimento e o investimento, expandir o bem-estar social e criar resiliência.

Já o Banco Mundial manteve em 2,4% a sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2024, o que marcaria o terceiro ano seguido de desaceleração, segundo estimativas do seu relatório de Perspectivas Econômicas Globais, divulgado nesta terça-feira, 9. Contudo, o órgão alerta que a economia global caminha para ter sua pior performance em meia década desde 1990.

O relatório estima que a economia global expandiu 2,6% em 2023 (de 2,1% nas estimativas de junho) e que deve voltar a acelerar levemente a 2,7% em 2025 (de 3,0% anteriormente).

Para o órgão, a desaceleração em 2024 será resultado dos efeitos atrasados do aperto na política monetária e condições financeiras restritivas, ao lado de investimento e comércio globais fracos. Além disso, a atividade enfrentará riscos negativos de possível escalada de conflitos no Oriente Médio, estresse financeiro, entre outros.

A organização prevê que, ao invés de cumprir metas de extinção da extrema pobreza e cortar pela metade emissões de carbono, os governos enfrentarão um crescimento fraco e abaixo da tendência pré-pandemia.

Textos: ONU Brasil e Estadão.