ACNUR e a travessia ilegal para os EUA
Em 2022, cerca de 250 mil pessoas de mais de 30 nacionalidades cruzaram a selva de Darién em busca de proteção internacional e melhores oportunidades.
A desinformação promovida por perfis em redes sociais sobre o Darién, uma das rotas mais perigosas do mundo, influencia nas decisões tomadas por pessoas refugiadas e migrantes.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) lançou nas redes sociais Facebook e TikTok as páginas do projeto "Confía en el Tucán" (Confia no Tucano). A iniciativa tem como porta-voz "El Tucán", um pássaro dedicado a combater informações falsas e oferecer conteúdos verificados sobre a selva que conecta os territórios do Panamá e da Colômbia.
As páginas do "Confía en el Tucán" divulgarão informações sobre os riscos do trajeto, mensagens de prevenção de violência e de combate ao tráfico humano identificados pelo ACNUR em pesquisas com pessoas solicitantes da condição de refugiado, refugiadas e migrantes. O projeto inclui a publicação de histórias em vídeo narradas por quem arriscou a vida ao cruzar a perigosa fronteira para entrar no Panamá.
Em 2022, cerca de 250 mil pessoas de mais de 30 nacionalidades cruzaram a selva de Darién em busca de proteção internacional e melhores oportunidades. Cerca de 38% das pessoas que chegam a Darién receberam informações pelo Facebook e quase 10% pelo TikTok.
"As redes sociais têm um protagonismo inegável ao influenciar as decisões que pessoas tomam, porém também é um espaço de extrema desinformação. "Confía en el Tucán" promove informações confiáveis e comunicação em duas vias para que pessoas, geralmente em situação de vulnerabilidade, possam tomar decisões informadas", explica Phillippa Candler, Representante do Escritório Multipaís do ACNUR no Panamá.
As páginas de Facebook e TikTok do projeto "Confía en El Tucán", administradas pelo ACNUR, transmitirão informações de proteção e materiais de comunicação de outras agências da ONU e parceiros.
A região das Américas enfrenta uma situação sem precedentes no número de pessoas em movimento irregular. Com iniciativas como "Confía en el Tucán", o ACNUR adapta a sua comunicação para as necessidades de proteção e informação das pessoas em movimento.
O Ministério Público Federal (MPF) informou no dia 13 de abril que uma organização criminosa transportou 444 brasileiros ilegalmente para os Estados Unidos de 2019 a 2022. Do total, quase um terço deles eram menores à época da viagem. A denúncia, apresentada em 20 de março e publicizada no dia 13, aponta oito pessoas como responsáveis por transportar os brasileiros aos EUA. Além de responder pelo transporte ilegal, elas também responderão por lavagem de dinheiro, em valores que ultrapassam R$16 milhões, e por organização criminosa.
O MPF informou que, de acordo com as investigações, os integrantes da organização cobravam entre R$60 mil e R$70 mil por pessoa (valores recentemente apurados) para levá-las do Brasil até os EUA. Com o esquema, eles teriam movimentado, de maneira ilegal e não declarada, aproximadamente R$16,5 milhões em 45 contas bancárias entre janeiro de 2017 e agosto de 2021.
O procurador da República Reginaldo Trindade afirma que o grupo, que atuava a partir de Rondônia, "era altamente organizado e de caráter transnacional, atuando no contrabando de brasileiros tendo como rota o México até a entrada irregular nos Estados Unidos".
A organização incluía sócios, funcionários e colaboradores da empresa de turismo Voe Turismo, com sede em Buritis (RO) - a 321 quilômetros da capital Porto Velho -, além de outras pessoas atuantes nos EUA e no México e colaboradores que atuavam nos trâmites burocráticos de emissão de passaportes brasileiros.