Águas das inundações causadas pelos furacões Helene e Milton podem ter acelerado a disseminação de espécies invasoras, tanto de animais quanto de plantas, em novas áreas da Flórida e da Geórgia, confirmou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) em um comunicado divulgado na terça-feira (10).
"Espécies invasoras são espécies não nativas cuja introdução pode causar ou provavelmente causará danos econômicos, ambientais ou riscos à saúde humana ou práticas culturais", afirmou o comunicado. "Essas espécies podem reduzir a produção agrícola, competir com plantas e animais nativos, prejudicar infraestruturas hídricas essenciais, transmitir doenças a animais e seres humanos, ameaçar a pesca comercial e nativa, e custar bilhões de dólares a governos e indústrias."
De acordo com um mapa elaborado pelo USGS, 222 espécies não nativas poderiam se espalhar devido às inundações provocadas pelo furacão Helene, das quais 90 são consideradas invasoras e com alta probabilidade de disseminação pelas águas da enchente.
Ian Pfingsten, botânico do USGS e um dos cientistas responsáveis pela criação dos mapas, explicou que o mapa preliminar para Milton mostra que 114 espécies não nativas poderiam ter se espalhado durante esse furacão, com 56 dessas espécies sendo invasoras e propensas a se espalhar pelas águas da inundação.
“Uma vez que uma espécie é introduzida e se espalha para uma nova área com condições adequadas, há a possibilidade de ela estabelecer uma população nesse novo ambiente, especialmente para espécies altamente invasoras, que crescem e se reproduzem rapidamente sem os mesmos controles naturais do ambiente de origem”, afirmou o comunicado.
Pfingsten também comentou que há uma grande sobreposição entre as espécies que podem ter se espalhado, já que a Flórida foi atingida pelos dois furacões com apenas algumas semanas de intervalo. Algumas das espécies invasoras que podem ter se espalhado incluem a famosa píton birmanesa e outras menos conhecidas, como o caramujo-gigante e a enguia asiática de pântano.
"O caramujo-gigante é uma praga agrícola, enquanto a enguia de pântano impacta populações de espécies nativas nas áreas onde se estabeleceu", explicou o comunicado. "Ambas as espécies representam um risco à saúde humana, pois são conhecidas por carregar parasitas."
Outras espécies invasoras que podem ter se espalhado incluem o peixe-gato de cabeça achatada e o peixe-gato azul, a rã cubana e a erva-de-cobra, que pode entupir os cursos d’água.
Fonte: Local10