"Fiz de tudo um pouco, com foco no meu objetivo final", conta Rosane Nunes, sobre sua trajetória nos EUA

Há 30 anos nos EUA, a mineira é médica especializada pelo American Board em Medicina Interna e Obesidade.

Por Arlaine Castro

A médica Rosane Nunes comanda a clínica ShapeUp Health Solutions, especializada em medicina funcional integrativa em Lighthouse Point.

Com o objetivo de destacar profissionais brasileiros de diferentes áreas e compartilhar suas histórias de vida nos Estados Unidos, o Gazeta News criou o quadro "Sonho Americano", onde profissionais de diferentes áreas contam sobre sua trajetória, suas dificuldades e vitórias na 'Terra do Tio Sam'.

Nesta edição, destacamos Rosane Nunes, médica especializada pelo American Board em Medicina Interna e Medicina da Obesidade, moradora de Boca Raton, sul da Flórida. Nascida em Timóteo, Minas Gerais, está há mais de 30 anos nos Estados Unidos.

Proprietária da clínica ShapeUp Health Solutions, especializada em medicina funcional integrativa em Lighthouse Point, a mineira conta que já trabalhou como garçonete, intérprete, assistente de enfermagem e enfermeira. Fez de tudo um pouco com foco no seu objetivo final, a medicina.

Nesta entrevista, ela conta um pouco da sua trajetória pessoal e profissional nos Estados Unidos.

GN - Qual seria o seu diferencial como profissional nos EUA?

Trabalhei muitos anos na medicina tradicional e percebi que, no final do dia, eu não estava ajudando meus pacientes porque o foco era muito nos sintomas e nos medicamentos. Hoje o meu diferencial é pesquisar onde começou o problema do paciente, o porquê, qual é a causa dos sintomas. Não simplesmente ver o sintoma e dar um remédio. É entregar uma saúde de base, funcional, descobrir o que está fazendo mal e trabalhar integralmente o corpo humano do paciente. Trabalho uma medicina funcional, integrativa, que vai na contramão da medicina tradicional baseada no "me dá um sintoma que eu te dou um remédio".

Também fui vítima do sistema porque desenvolvi uma doença "autoimune", passei por vários especialistas e nenhum deles me perguntou sobre minha dieta, sobre minha alimentação, se durmo bem, como eu gerencio meu estresse, se tomo suplemento, o funcionamento do intestino, que é de suma importância para a investigação de doenças autoimunes. Só me davam remédios e chegou uma hora que eu não quis mais tomar e pensei: tem que ter algo melhor na medicina. Foi quando eu comecei a pesquisar por mim mesma, porque eu queria uma vida mais saudável sem ter que entrar nas medicações. Eu sabia que tinha alguma coisa, eu não nasci com isso. Comecei a estudar a fundo a medicina funcional e descobri que saindo da caixinha e pensando em como resolver isso de maneira sem medicamentos, percebi que nosso estilo de vida, nossas escolhas, nossos micronutrientes, os pilares da saúde, têm que ser pesquisados. A medicina tradicional vê o paciente como um sistema separado, quando na verdade não é bem assim. Tudo está interligado, somos uma engrenagem. Tudo (os órgãos) deve estar funcionando em harmonia. Esse é o meu diferencial. 

GN - Sua maior alegria morando nos EUA?

Foi ter meus filhos aqui, construir minha vida aqui. Fiz medicina no Brasil, mas não me via praticando lá. Vim, fiz provas e residências aqui, comecei do zero. Tudo o que eu sonhei, aconteceu dentro do prazo.

GN - Sua maior tristeza morando nos EUA?

Ter perdido a minha mãe e ela não poder ter visto além dos meus desafios. Ela viu meu sonho, orava por mim, mas não viu a realização dele.

GN - Uma dica para quem chegou agora do Brasil

Nunca desistir, é ter perseverança. Não deixar críticas te fazerem desistir. Têm muitas pessoas que não conseguem lidar com o sucesso do outro, são pessoas negativas. Se você tem um objetivo, persevere, porque Deus tem um plano para você. A gente encontra mais gente para criticar do que para incentivar. Eu estava com dois filhos pequenos, me separei do pai deles, estava estudando medicina e ouvi muitas críticas, muitas pessoas querendo me desanimar. Mantenha o foco, a fé e siga. É acreditar naquilo que não estamos vendo ainda. Mentalize o que você quer e onde quer chegar.

GN - O "sonho americano" - o que é para você?

É a conquista do dia a dia, é você conquistar as coisas sabendo que você pode ser útil à sociedade, aos seus compatriotas. Vejo muitos brasileiros se ajudando aqui e pra mim é uma bênção saber que estou aqui servindo a comunidade brasileira, com uma medicina totalmente diferenciada.