Conheça a trajetória profissional de Márcio Souza, cabeleireiro brasileiro no sul da Flórida

Brasileiros de diferentes áreas compartilham suas histórias de vida em busca do sucesso profissional nos EUA.

Por Arlaine Castro

Márcio Souza, 53, é cabeleireiro há 30 anos e trabalha com prótese capilar.

Considerado o estado mais promissor para negócios nos Estados Unidos, a Flórida segue atraindo cada vez mais profissionais brasileiros que atualmente vêm com o intuito de construir sua carreira ou abrir um próprio negócio.

De acordo com um relatório da Florida Chamber Foundation, a comunidade brasileira contribui anualmente com aproximadamente US$ 10,7 bilhões para a economia da Flórida. Essa contribuição vem de vários setores, incluindo imobiliário, financeiro, serviços e varejo.

Com o objetivo de destacar profissionais brasileiros de diferentes áreas e compartilhar suas histórias de vida nos Estados Unidos, o Gazeta News inicia o quadro "Trabalhando nos EUA", onde profissionais de diferentes áreas contam sobre sua trajetória, suas dificuldades e vitórias na Terra do Tio Sam.

Nessa primeira, destacamos Márcio Souza, 53 anos, cabeleireiro há 30, que trabalha com prótese capilar masculina atualmente no Brazilian Depot Hair Salon, em Deerfield Beach, sul da Flórida.

No Brasil, Souza teve um salão em Vila Velha, Espírito Santo, por 21 anos. Nos EUA há sete anos, Souza escolheu a cidade de Lighthouse Point para morar e conta um pouco de sua trajetória como profissional imigrante no sul da Flórida.

GN - Quais os trabalhos que teve desde que chegou aos EUA?

MS - Assim que cheguei, trabalhei com piscinas. Fui 'piscineiro'. Depois de três meses, comecei a cortar cabelo e desde então não parei mais, conseguindo atuar na minha área profissional em salão.

GN - O que mais marcou sua vida aqui até hoje?

MS- Não sei dizer o que mais marcou minha vida aqui, mas a minha maior tristeza foi a distância da minha mãe. Ela faleceu e eu não tive muito tempo com ela por estar aqui, não pude ir vê-la no Brasil.

GN - Uma dica para quem chegou agora do Brasil

MS - A dica para quem chegou agora é que seja forte, os EUA não é um país para os fracos. Conheça muita gente, quanto mais gente você conhecer, mais contatos tiver, melhor será. E cuidado porque tem muita gente mau-caráter, muitos aproveitadores. Tem muita gente que se aproveita de quem está chegando, infelizmente.

GN - Qual seria o seu diferencial como profissional?

MS - Como diferencial, busco sempre novas técnicas de produção e de produtos, invisto em produtos brasileiros, gosto de usar produtos 100% brasileiros.

GN - Algo a destacar no mundo dos imigrantes nos EUA?

MS - Os imigrantes não têm muita oportunidade de trabalhar legalmente ou empreender se não tiverem 'documento'. Porque aqui precisa de algumas licenças, como por exemplo, para abrir um salão. Não é todo salão que emprega uma pessoa sem licença para trabalhar como cabeleireiro. Alguns salões dão essa oportunidade, inclusive foi um desses que me abriu as portas quando eu ainda não tinha licença, mas a maioria não, o que torna mais difícil trabalhar legalmente aqui.

GN - Abrir um próprio negócio nos EUA

MS - É o sonho de muita gente, inclusive o meu. Mas a maior dificuldade é a contratação de funcionários. Acredito que, uma empresa para crescer precisa de pessoas, 'formiguinhas', onde cada um faz uma tarefa e a empresa cresce. Mas a questão imigratória é muito complicada porque a pessoa está aqui hoje, mas mudam as leis e, sendo indocumentada, ela acaba mudando de estado ou até voltando para o Brasil. Às vezes monta o próprio salão em casa. Então é muito difícil você ter uma equipe. Esse é o meu desânimo aqui, em montar alguma coisa e ter funcionários que ficam por muitos anos como no Brasil.