Brasileiras diversificam o perfil da comunidade na Flórida
No mês da Mulher, destacamos brasileiras que fazem a diferença.
Elas formam a "cara" da comunidade brasileira na Flórida e estão mais diversificadas. Atuando em diversas áreas, ocupam cargos e posições de liderança não somente dentro da comunidade, mas também fora dela. Cada uma carrega sua história de vida, mas com um ponto em comum: moldam o perfil da comunidade brasileira no estado.
A decisão de morar nos Estados Unidos passa, principalmente, pela busca de melhor qualidade de vida, que envolve segurança, educação e acessibilidade econômica. Algumas vieram há 30 anos, enquanto outras acabaram de chegar. Algumas se legalizaram, outras ainda são indocumentadas.
Nessa reportagem especial pelo Dia das Mulheres, o Gazeta News destaca algumas brasileiras que ajudam a compor o perfil da comunidade como mulher e imigrante na Flórida.
Renata Bozzetto
De Belo Horizonte (MG), a mineira Renata Bozzetto, 42, é a atual vice- diretora da Florida Immigrant Coalition, a maior organização pró-imigrante do estado. Na Flórida desde 2004 após seus pais virem, ela conta que já trabalhou como faxineira, babá e governanta. Mas, à medida que avançava nos estudos, os trabalhos também foram mudando.
"Também trabalhei para uma organização nacional, Voto Latino, registrando cidadãos para votar. Quando recebi o meu mestrado, comecei a atuar na área acadêmica e fui professora na Florida Atlantic University e posteriormente, enquanto completava meu Doutorado, fui assistente de professores na Flórida International University", declara.
Para Bozzeto, as mulheres brasileiras "têm uma importância tremenda como criadoras de elos na nossa comunidade - conectando pessoas e sonhos através da experiência cotidiana. Tenho o maior orgulho de ser Brasileira e de conhecer tantas mulheres de garra, literalmente 'fazendo a América' - seja ao limpar uma casa de família, ou ao desenvolver tecnologia de ponta na universidade, ou ao abrir portas através de muita criatividade e empreendedorismo, os exemplos que temos são muitos! Parabéns pelo nosso dia!"", declara.
Naides Brum
Nascida no Rio de Janeiro, Naides Brum, 63 anos, veio para a Flórida em 1996, atrás de maior segurança e hoje atua como conselheira, ajudando outras brasileiras.
"Limpei casa, trabalhei em escola infantil, fui secretária de empresas, até que precisei de ajuda para criar os filhos aqui e vi a necessidade de ter 'counselors' brasileiros para ajudar as famílias. Fiz o curso e logo fui contratada pela House of Protection", destaca. "Estamos em um país que incentiva o crescimento e o aprendizado", destaca a carioca que hoje mora em Margate.
Como mensagem a outras brasileiras, ela diz: "Quero incentivar as mulheres imigrantes a perseverarem, a descobrirem seus talentos. Estamos em um país que incentiva o crescimento e o aprendizado. Aprenda inglês, faça network, busque ajuda emocional e espiritual para seu crescimento! Não desista!".
Debora Lousa
Nascida em Uberlândia (MG), Debora Lousa, 62 anos, é realtor, Interior Design e consultora de imagem. De Goiânia, onde morava, veio para a Flórida para passar 1 ano, mas já está há 27 anos.
"Sempre fui Interior Design, tive uma churrascaria em FortMayers, trabalhei com investimento e empréstimo na American Bancard, na Realtor Piquet Realty, como consultora de imagem e análise de coloração", conta.
Lousa também é CEO da ONG Dor Com Amor, um projeto de apoio a mães atípicas, que têm filhos com autismo. "Procure fazer o que gosta e leve uma vida com propósito. No final, o que resta é ser feliz e fazer o bem não importa a quem", deixa como mensagem a outras brasileiras.
Diana
De Recife (PE), Diana, 40 anos, é formada em Psicologia. Veio em um passeio de férias há 14 anos e decidiu ficar. Desde então, casou, trabalha com limpeza de casas e espera um dia conseguir se legalizar.
"Nessa viagem de férias, conheci meu marido, então decidi ficar. Aqui adquiri uma nova profissão, a limpeza, além da família. Bem, se você é uma mulher que corre atrás de seus objetivos, tem força de vontade, você consegue ter grandes oportunidades, da forma correta. Mas, infelizmente, pelo erro de alguns, podemos nos prejudicar. O exemplo disso foi a entrada das novas leis. Hoje, tenho família e minha vida está firmada aqui, mas moraria em um lugar que o imigrante é aceito melhor. Podendo ter permissão de trabalho e carteira de motorista", analisa.
Para outras brasileiras, ela diz: "Quero parabenizar todas as mulheres que deixaram sua família no Brasil e estão aqui acreditando e confiando que Deus vai nos guardar e nos dará oportunidade de alcançarmos nossos objetivos nesse país", completa.
Mylla Monteiro
Também de Recife (PE), Mylla Monteiro decidiu em 2016 vir para estudar, mas acabou ficando de forma definitiva em Miami. Já trabalhou como garçonete, babysitter, recepcionista e motorista. Ela lembra que sobreviveu à pandemia de COVID-19 e vem lutando e sobrevivendo, como mesma diz, a um diagnóstico de câncer avançado.
"Eu costumava vir turistar na Flórida e achava mágico o que um país de primeiro mundo podia oferecer. Foi então que em 2016 eu decidi vivenciar de verdade a cultura americana e me mudei para cá. A ideia era passar 1 ano, aprender um segundo idioma e voltar mais preparada para o Brasil. Porém, assim como a maioria dos imigrantes adultos que começam do zero em outro país, as coisas nem sempre saem como planejado, e tive momentos de pura realização e outros não tão agradáveis assim", conta.
E complementa: "Mas eu também conheci o meu príncipe encantado, fiz amizades incríveis e comecei uma nova profissão. Hoje eu sou corretora de imóveis em Miami, sou casada com o amor da minha vida e estou certa que tudo que vivi desde então, foi para um propósito maior. Hoje eu tenho muito mais fé na vida e a uma certeza gigante de que 'Para Deus, nada é impossível'”.
Flaviane Carvalho
De Goiânia (GO), Flaviane Carvalho, 48, veio morar na Flórida há 18 anos. Desde que chegou, trabalhou como gerente de restaurante e também na área de redirecionamento e administração de empresa.
Hoje administra o próprio restaurante em Orlando.
Para Flaviane, que ficou conhecida ao salvar um menino dos abusos da família em Orlando em 2021, a comunidade representa a força da mulher brasileira. "A maioria de nós mudou pra cá somente com sonhos e muita garra, e, quando nos deparamos com a realidade da vida na América, arregaçamos a manga e lutamos para atingir nossos objetivos. Esta luta nos traz sofrimento, saudade, dúvidas, insegurança, mas também vitórias e superação. Não tenha medo de se reinventar. Comece, recomece, mas acredite em você e dê vida aos seus sonhos porque você pode!", realça.
Ingrid Domingues McConville
De Niterói (RJ), Ingrid Domingues McConville, 67 anos, mora há mais de 39 anos na Flórida, vinda de outros estados americanos por onde passou desde criança. "Morei também em New Jersey e Ohio", conta. Advogada de imigração há 29 anos, trabalhou na área bancária internacional e tem também formação em Psicologia pela Universidade de Miami. Como advogada, trabalhou em vários escritórios de advocacia e municipalidades até abrir seu próprio escritório em 1995, o DM Visa Law.
"Neste Dia Internacional da Mulher, estou com vocês, inspirada pela coragem e resiliência. Como empreendedora, esposa, mãe, filha, enfrentei desafios, mas são as histórias de nós, mulheres imigrantes, enfrentando novos mundos, que me emocionam. Sua jornada como a minha sempre será um farol de esperança. Lembrem-se, a diversidade é nossa força, nossas experiências nossa sabedoria, e jamais esqueçam que todos seus sonhos são válidos. Não deixem fronteiras limitarem suas aspirações. Juntas, somos imparáveis. Feliz Dia Internacional da Mulher!", celebra.