Câncer de mama: rede de apoio ajuda brasileiras que moram na Flórida

Em 2023, estima-se que entre as mulheres haverá 297.790 novos casos de câncer de mama invasivo nos Estados Unidos.

Por Arlaine Castro

Com trabalho de prevenção e suporte, o grupo Safe Place mantém ações que vão de antes a depois do diagnóstico e alcançam além da comunidade.

O Departamento de Saúde da Flórida relatou um aumento de 4,9% no número de mulheres que tiveram câncer de mama entre 2008 e 2017. Em 2023, estima-se que entre as mulheres nos EUA haverá 297.790 novos casos de câncer de mama invasivo (isso inclui novos casos de câncer de mama primário, mas não recorrências da doença).

Com trabalho de prevenção e suporte, o grupo Safe Place mantém ações que vão de antes a depois do diagnóstico e alcançam além da comunidade brasileira no sul da Flórida. 

"Passamos em empresas dando palestras e orientando para a importância do autoexame e também da mamografia de rotina. Faz toda a diferença em caso de diagnóstico positivo da doença detectá-la precocemente", explica Josie Cardoso, sobrevivente e criadora do grupo. 

"Tive câncer de mama em 2017. Na mesma época, outras brasileiras vieram até a mim desesperadas para saber como proceder, qual local poderiam se tratar, como marcariam as consultas, etc. Mesmo operada e ainda me tratando, eu as acompanhava. O desespero do diagnóstico é o pior. A gente se desespera mesmo de início. E muitas brasileiras não conheciam muito a Flórida ainda e como o sistema funciona, ficavam sem chão. Quando encontram alguém que sobreviveu, elas querem saber tudo e se agarram mesmo", relata Cardoso, que em outubro de 2020 começou a fazer lives nas redes sociais com outras sobreviventes para compartilhar as histórias.

Uma dessas brasileiras apoiadas pelo grupo é Alessandra Lopes Almeida, 51 anos, chef de cozinha, que descobriu o câncer de mama em setembro de 2019 e está em tratamento. "Comecei a ter muitas dores nas costas e observei nódulos no seio e na axila. Foi quando descobri que estava com o tumor", conta.

Almeida destaca que o apoio do grupo é fundamental para a recuperação das pacientes. "A rede de apoio do Safe Place tem sido uma coluna para cada mulher que descobre um diagnóstico tão difícil", completa Almeida, que morava no Texas e se mudou para o sul da Flórida há três anos e meio. "Esse grupo se desdobra em várias áreas para dar apoio a todas as pacientes. Hoje o Safe Place presta serviço psicológico espiritual financeiro, tradução e acompanhamento em consultas", ressalta.

Safe Place

Com 85 participantes tanto nos EUA como no Brasil; o grupo conta com 20 voluntários: 4 na oficina de costura (criando e costurando itens funcionais para as pacientes), 4 na administração do trabalho, e 12 na intercessão e oração pelas pacientes. Dentre as ações do grupo estão:

-Assistência social: acompanhamento em consultas e e doação de materiais.

- Limpeza da casa para aquelas que não conseguem devido a radio ou quimioterapia.

- Palestras online com psicóloga e outros profissionais.

- Visitas hospitalares ou domiciliares.

- Encontro para ensaio fotográfico acompanhado de maquiagem visando ajudar a autoestima das pacientes e no propósito de divulgar as fotos para a campanha de prevenção do câncer.

- Comunhão e entrega de brindes reconhecendo a vitória de cada uma delas que está ou esteve na batalha contra o câncer.

- Divulgação do material de prevenção bem como endereços para realizar mamografias no sul da Flórida.

Clínicas parceiras

As clínicas geralmente são indicadas de acordo com a localização em que a paciente mora. As mais indicadas são: Holy Cross, La Liga Contra el Cancer, Lynn University, Moffit Cancer Center, UHealth Miami, afirma Josie. 

Mastectomia

Em um outro caso, a fotógrafa Roberta Santos, 49 anos, teve câncer com 44 anos e precisou passar por uma mastectomia inteira (retirada da mama). Atualmente curada, ela se considera 'sortuda' por não ter precisado fazer radio ou quimioterapia e faz questão de realçar que detectar a doença no estágio inicial é muito importante.

"Descobri o tumor com o exame de mamografia de rotina. O meu se chamava DCIS - Duct Carcinoma in Situ. Era na glândula mamária, bem no bico. Fiz a operação de mastectomia em maio de 2018 e a de e a de reconstrução em agosto do mesmo ano", relata.

Ela conta que não precisou fazer tratamento, somente a mastectomia do lado esquerdo, mas que o mais importante é a detecção precoce. "Hoje estou 100% curada, mas como ainda tenho um seio, faço exames cada 6 meses. Sem dúvida a minha mensagem é 'early detection', primordial. Faz toda a diferença no tratamento, além de saber o histórico familiar".