A história de Rafaelle Souza, brasileira condenada por ter deixado um recém-nascido (sua filha) em um saco plástico próximo a uma lixeira em 2019 em Boca Raton, sul da Flórida, é digna de um livro. E ela resolveu realmente escrever sobre a reviravolta em sua vida desde aquela manhã de 8 de maio.
"Além da prisão - Quando a esperança supera a dor" é a dramática história de uma brasileira presa nos Estados Unidos. Em entrevista exclusiva ao Gazeta News, pela primeira vez, Rafaelle, que atualmente cumpre pena no Florida Women's Reception Center, em Ocala, falou sobre o passado, o presente e o futuro.
"A vida não é fácil. Continuamente temos que lutar contra nossos pecados cometidos e nossos eternos atos inerentes. A dor, a doença, a morte são realidades com as quais temos que lidar. Vivemos em um mundo que está em decadência constante", desabafa.
A inspiração para o livro veio depois de tanta dor e sofrimento. Rafaelle diz que buscou em Deus e na família forças para continuar.
"A minha inspiração para fazer este livro veio exatamente na hora que acordei para estas realidades, que despertaram em mim a esperança, que supera a dor, que vai muito além de qualquer situação. Deus é minha única fonte divina e tem me dado a fortaleza e a esperança. EU, ou quaisquer outras mulheres, que podem estar passando por algo parecido e tenham desistido até mesmo de viver, que possamos encontrar e fazer um novo recomeço através do amor próprio, que transferirá em toda nova vida e em nossa família", reflete.
Rafaelle admite, como qualquer ser humano, suas falhas. E define o livro como forma de mostrar à sociedade quem ela era e quem pode ser daqui para a frente.
"Também me submetendo e admitindo minhas falhas, em cima de todo o aprendizado sobre emoções, sentimentos, comportamentos, escolhas e decisões drásticas, como a minha, que tenho vivido. Estou me baseando primeiro em Deus, em estudos e nas oportunidades que tenho. Fazendo deste livro um diário emocional. Para poder mostrar a sociedade, quem EU era e o que EU posso ser. Paz de Deus", finaliza.
Por enquanto, o livro foi lançado no Brasil somente na versão impressa, na Bienal do Rio de Janeiro que acontece até o dia 10 de setembro, pela editora Eagle.
No entanto, segundo Carlos Jimenes, pai dos dois filhos de Rafaelle, a ideia é lançá-lo também na Flórida, além de online, e buscam por patrocínio.
Relembre o casoEm 27 de julho de 2022, Rafaelle se declarou culpada de tentativa de assassinato e abuso infantil e foi condenada a 7,5 anos de prisão pelo tribunal do condado de Palm Beach, sul da Flórida. O caso chocou a comunidade brasileira e teve grande repercussão em todo o estado.
Conforme divulgado em várias reportagens e entrevistas pelo Gazeta News sobre o caso, Rafaelle afirmou às autoridades que não sabia que estava grávida e, no início da manhã de 8 de maio de 2019, sentiu fortes cólicas, foi ao banheiro e teve a criança. Em choque, ela segurou o bebê, que, segundo ela, não chorou em nenhum momento, o que a fez pensar que estivesse morto. Ela então aguardou algumas horas, mas como o bebê estava com a pele azulada, imaginou que estivesse morto e decidiu por se desfazer dele.
Rafaelle já cumpriu quatro anos e meio de prisão e, por ser imigrante indocumentada, provavelmente ficará sob custódia do U.S. Immigration and Customs Enforcement's (ICE), podendo ser deportada após concluir a sentença.
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