"Educar é um ato de amor, mas também é ciência", afirma Telma Abrahão, especialista em neurociência do desenvolvimento infantil radicada na Flórida.
Idealizadora da Educação Neurosconciente, Abrahão lançou a primeira certificação a unir neurociências à educação infantil reconhecida pelo MEC no Brasil. É autora dos best-sellers "Pais Que Evoluem" e "Educar é um ato de amor, mas também é ciência".
De acordo com a profissional, a mudança que queremos ver no mundo precisa começar em casa, na família, onde a base da vida humana é formada.
"O que acontece na infância não fica na infância, impacta nossa saúde emocional, mental e física ao longo da vida. Educar pode ser desafiador, mas com conhecimento podemos nos reeducar para melhor educar e deixar pessoas mais saudáveis e felizes nesse mundo", afirma.
Biomédica há mais de 20 anos, ela explica que a educação NeuroConsciente é uma abordagem educacional baseada em estudos de neurociências, e que se faz necessária para educar seres humanos que transformarão seu grande potencial biológico em saúde, competência pessoal, social, emocional, força e prosperidade.
"As experiências vividas na infância, especialmente nos primeiros anos, é a base que molda a vida do ser humano. O cérebro se desenvolve rapidamente e a exposição frequente a situações altamente estressantes pode resultar em impactos negativos à longo prazo, afetando a vida e a saúde física, mental e emocional das crianças e, consequentemente, do futuro adulto", diz.
Dessa forma, quando uma criança experimenta uma infância com muito estresse, pouco afeto ou apoio emocional, existe um risco muito maior de enfrentar problemas de autoestima, de vícios, de entrar em relacionamentos abusivos, além de um maior risco para desenvolver doenças mentais como depressão e transtorno de ansiedade, analisa a especialista.
A infância é a base da vida e experiências traumáticas durante esse período podem ser prevenidas através desse conhecimento. Relacionamentos saudáveis entre pais e filhos são capazes de servir como um amortecedor protetor e ajudar crianças e adolescentes a desenvolverem resiliência, alcançando o sucesso na vida através de um ambiente e relacionamento estável, empático, seguro e responsivo com seus cuidadores.
"O maior desafio está em nos reeducar para poder melhor educar. É um processo que deve começar nos pais, primeiramente revendo e questionando suas próprias atitudes e percebendo o impacto de suas ações no comportamento dos filhos. E não tem a ver com querermos ser perfeitos ou esperarmos a perfeição dos filhos, mas sim com buscarmos conhecimento e autoconhecimento para errarmos menos", pondera.
“É sobre aprender a se relacionar com os filhos sem feri-los, sobre respeitar as diferenças, porque nossos filhos são diferentes de nós e são diferentes entre eles também. O maior desafio está justamente em aceitarmos que educar um filho nos trás a oportunidade de sermos melhores como seres humanos Por isso falo que somos “Pais que evoluem”, que aliás é o nome do meu primeiro livro. Os filhos nos mostram o quanto nos falta paciência, educação emocional, tolerância com as diferenças e então temos que fazer uma escolha: seguir repetindo um padrão automático e impulsivo herdado de outras gerações ou compreender que não somos responsáveis pela programação que recebemos, mas somos 100% responsáveis por mudá-las”, explica a especialista.
Embora no Brasil ainda seja algo novo, nos Estados Unidos os estudos das neurociências ligadas ao relacionamento entre pais e filhos, já existem há mais de 40 anos. A criança humana nasce com o cérebro imaturo e 100% dependente de seus cuidadores. A falta de entendimento do desenvolvimento infantil acaba levando a criança a sofrer abuso emocional, físico, e hoje a ciência já comprovou através de estudos o quanto as adversidades vividas na infância impactam a saúde emocional, física e mental do futuro adulto, por isso tão importante compreendermos que “Educar é um ato de amor, mas também é ciência”.