"A escola continua triste", diz brasileira cujo filho estava no tiroteio da escola de Parkland (FL)

Por Arlaine Castro

Daniela Lemos, mãe de Vitor de Castro (primeiro à esquerda), 19 anos, que estava na escola no dia do tiroteio, e Manuela (primeira à direita), de 14, que atualmente estuda na Marjory Stoneman Douglas High School.

Passados quatro anos do tiroteio da Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, pais brasileiros cujos filhos estudavam ou ainda estudam na escola falam sobre a realidade do dia a dia impactada pela tragédia, a segurança da escola e o que se espera do julgamento de Nikolas Cruz, atirador confesso. 

“Como mãe de um aluno que estava presente nesse dia, sinto todos os dias que infelizmente muita coisa nos Estados Unidos ainda não mudou e talvez nunca mudará. Existem muitas ameaças todos os dias nas escolas, tenho uma filha que ainda estuda na escola, sinto que a escola continua triste, impossível entrar na escola e não ter um sentimento de tristeza. Mas acho que a comunidade de Parkland é muito unida e espera ansiosamente por justiça”, afirmou ao Gazeta News a paulistana Daniela Lemos, mãe de Vitor de Castro, 22 anos, e Manuela, de 17. Vitor se formou em junho de 2018, meses depois do ataque do dia 14 de fevereiro. Manuela entrou na escola no ano seguinte e estuda nela até hoje.

Julgamento de Nikolas Cruz

“Em relação ao julgamento de Nikolas eu não entendo o porquê de tanta demora nesse julgamento. Ele é um réu confesso, foi pego pelos policiais no mesmo dia do shooting e passados 4 anos ainda não houve esse julgamento. Penso em como as famílias que perderam seus filhos se sentem com tamanha demora, isso é muito frustrante. Como se toda essa tragédia não tenha servido de exemplo para novas mudanças na legislação. Eu ainda acredito que talvez mudanças aconteçam, mas já se passaram 4 anos e nada foi feito. ”

O que mudou nas escolas depois do tiroteio?

“Nas escolas de Parkland High School e na Westglade Middle, onde eu tenho filhos estudando, eu vi que muita coisa mudou. Temos mais policiais ao redor da escola, você precisa se identificar na entrada da escola, então acredito que hoje em relação a entrada das escolas está mais segura. Mas não sei exatamente sobre os alunos, porque todos têm acesso normal à escola e não tem como saber se eles estão armados ou não. Então por isso acredito que ainda existem problemas na segurança. ”

"O dia 14 de fevereiro aqui em Parkland será sempre triste”

“Minha filha está bem, mas não vai esquecer nunca o que ela viveu dentro da escola. Só o tempo para superarmos tudo! Espero que ele (Nikolas Cruz) seja condenado logo o mais rápido possível! Acho um absurdo esperar por todo esse tempo, sendo que eles têm todas as provas contra ele. E o prédio do tiroteio continua lá na escola fechado. O projeto é demolir para fazer um memorial. Mas enquanto ele não for condenado, não pode mexer. Infelizmente o dia 14 de fevereiro aqui em Parkland será sempre triste”, desabafa Flávia Soares, mãe de Júlia, que ficou trancada em uma das salas do prédio por onde passou o atirador, mas, por sorte ou milagre, ele não entrou. 

Leia mais sobre o impacto do tiroteio em famílias brasileiras e os relatos dos alunos em 

“O ENCANTO ACABOU” - FAMÍLIAS BRASILEIRAS CONTAM COMO O TIROTEIO EM PARKLAND AFETOU SUAS VIDAS