O Retorno de Trump: Um Novo Mandato de Mudanças Profundas nos EUA
Com maioria republicana no Congresso, Trump assina ordens executivas que transformam política interna e externa
Na última segunda-feira (20), Donald Trump assumiu oficialmente a presidência dos Estados Unidos pela segunda vez, em uma cerimônia marcada por um discurso enfático de supremacia nacional. Dessa vez com a maioria republicana no Congresso, Donald Trump vê sua posição política ainda mais consolidada e seu poder expandido. Essa maioria não só garante que sua agenda seja mais facilmente aprovada nas duas casas, mas também fortalece sua capacidade de influenciar decisões legislativas chave.
Seus primeiros dias de mandato já foram marcados e pela assinatura de uma série de ordens executivas que mudam de forma substancial a política interna e externa do país. As ordens executivas são espécies de decreto, por não precisarem de aprovação prévia do Congresso, mas não criam uma lei específica. São como uma determinação do presidente sobre como órgãos do governo devem usar seus recursos. Assim que um presidente assina uma ordem executiva, ela pode entrar em vigor imediatamente ou levar meses, a depender do trâmite.
Entre as ordens assinadas por Trump, destaca-se o fim de programas federais relacionados à diversidade, equidade e inclusão (DEI). Em uma ação direta contra as políticas adotadas em administrações anteriores, ele assinou uma ordem que determina o corte de financiamento e a suspensão de programas DEI em todos os órgãos federais. A medida afeta diretamente os funcionários que atuam nessas áreas, que foram colocados em licença até o dia 24 de janeiro. Além disso, agências governamentais devem retirar do ar todos os materiais de comunicação relacionados a esses programas, incluindo sites e redes sociais. A administração Trump justifica que tais iniciativas promovem a discriminação e o favorecimento, em vez de uma verdadeira igualdade de oportunidades.
Trump concedeu perdão presidencial a mais de 1.500 pessoas presas por invadir o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, incluindo líderes de grupos como Oath Keepers e Proud Boys. A decisão ignora o trabalho judicial que investigou e puniu os responsáveis pela invasão e fortalece a narrativa de Trump de que seus apoiadores foram vítimas. Além disso, o presidente retirou os EUA do Acordo de Paris e revogou medidas ambientais de Biden, visando aumentar a produção de petróleo e mineração, o que pode agravar as questões climáticas globais. Trump também retirou os EUA da OMS, uma medida que pode enfraquecer as defesas globais de saúde e paralisar projetos essenciais, como o combate a doenças e surtos virais, prejudicando iniciativas de saúde pública mundial.
Através de outro decreto, Donald Trump alterou oficialmente o nome do 'Golfo do México' para 'Golfo da América'. A mudança é vista por críticos como uma tentativa de reescrever aspectos históricos e geográficos da região para reforçar a narrativa de nacionalismo e soberania dos Estados Unidos. Trump justificou a decisão como parte de seu esforço para "fortalecer o orgulho nacional" e promover uma imagem de independência geopolítica. A medida, porém, foi rapidamente criticada por especialistas em geografia e relações internacionais, que alertaram para os impactos diplomáticos negativos e para a perda de uma identidade regional compartilhada.
O presidente tomou medidas drásticas em relação à imigração, ampliando as restrições e políticas de segurança. Uma das mais controversas foi a assinatura de um decreto que visa eliminar o direito à cidadania automática para crianças nascidas em solo americano, filhos de imigrantes em situação irregular. Essa medida desafia diretamente a 14ª Emenda da Constituição dos EUA, que garante cidadania a qualquer pessoa nascida no país. Diversos estados e organizações de direitos civis já entraram com ações judiciais contra essa ordem executiva.
Em paralelo, o governo suspendeu o programa CBP One, que permitia a migrantes agendar horários para entrar legalmente no país. Além disso, a administração suspendeu por 90 dias o Programa de Admissão de Refugiados, interrompendo temporariamente a entrada de refugiados nos Estados Unidos. Outra ação importante foi a revogação de diretrizes que protegiam imigrantes de ações de fiscalização em locais considerados "sensíveis", como igrejas e escolas. Com essa mudança, agentes de imigração agora têm permissão para realizar operações nesses locais, o que aumenta o risco de detenções e deportações.
Trump ainda declarou emergência nacional na fronteira sul dos EUA, permitindo a mobilização de tropas adicionais e recursos para reforçar a segurança e conter a imigração ilegal, uma medida que amplia ainda mais o controle sobre a fronteira e a aplicação de políticas de imigração.
Com seu segundo mandato, Donald Trump reforça sua postura de confrontação com as políticas de administrações anteriores, buscando implementar uma agenda nacionalista e conservadora. Suas ordens executivas, que atacam diretamente questões como diversidade, imigração e meio ambiente, estão gerando divisões internas e externas, com resistência tanto de opositores quanto de aliados internacionais. Embora o impacto de suas decisões ainda seja incerto, uma coisa é clara: o segundo Governo Trump será marcado por um endurecimento nas políticas internas e uma postura mais isolacionista no cenário global. O que está por vir para os Estados Unidos e o mundo dependerá de como o presidente irá equilibrar sua base republicana com os desafios políticos e diplomáticos que surgirão. Os próximos quatro anos, sem dúvida, serão um campo de tensão e mudanças profundas, transformando os rumos da democracia americana e suas relações internacionais.