Enquanto o presidente Donald Trump se prepara para visitar os danos causados pelos incêndios florestais na Califórnia, ele volta a atacar um de seus alvos mais frequentes: a política de gestão da água do estado. Desde o início dos incêndios, em 7 de janeiro, Trump tem usado as redes sociais e entrevistas para acusar a Califórnia de enviar água demais para o Oceano Pacífico em vez de direcioná-la para o sul, em direção a Los Angeles. Ele também destacou como alguns hidrantes ficaram sem água nas primeiras horas do combate ao incêndio em Pacific Palisades.
Nos primeiros momentos de seu segundo mandato, Trump pediu aos oficiais federais que elaborassem planos para redirecionar mais água para o Central Valley, região agrícola do estado, e para as cidades densamente povoadas no sul da Califórnia. Dois dias depois, ele ameaçou bloquear a ajuda federal para desastres a menos que os líderes da Califórnia mudassem a abordagem do estado sobre a água.
Em termos gerais, a maior parte da água do estado está no norte, enquanto a maioria da população está no sul, onde o clima é mais seco. Los Angeles, a segunda maior cidade do país, depende de fontes externas para suprir sua demanda de água. Já o Central Valley, uma região relativamente seca, abriga terras férteis onde grande parte das frutas e vegetais dos EUA são cultivados.
Dois sistemas complexos de represas e canais transportam a água das montanhas no norte para o sul. Um desses sistemas, o Central Valley Project, é gerido pelo governo federal, e o outro, o State Water Project, é operado pelo estado da Califórnia. Ambos transportam água através do Delta do Rio Sacramento-San Joaquin, um estuário que serve como habitat crítico para várias espécies, como o salmão e o delta smelt, peixe que é uma das preocupações de Trump.
O Sul da Califórnia recebe cerca de metade de sua água de fontes locais, como os aquíferos subterrâneos. O restante vem do sistema federal do Rio Colorado e dos suprimentos estaduais.
Oficiais federais determinam quanto de água é direcionado ao delta para proteger espécies ameaçadas e quanto vai para o Central Valley, que é majoritariamente abastecido por fazendas. Esse projeto, porém, não fornece água para Los Angeles. Tanto os oficiais federais quanto os estaduais normalmente coordenam como operam esses sistemas, respeitando diretrizes ambientais para preservar o delta.
Trump e outros críticos afirmam que o estado permite que muita água seja destinada ao oceano, em vez de ser usada por cidades e fazendas.
O Distrito Metropolitano de Água do Sul da Califórnia afirmou que tem água suficiente em armazenamento para atender à demanda por cerca de três anos. Mesmo que o governo federal decida redirecionar mais água, isso não beneficiará necessariamente Los Angeles, a menos que haja coordenação entre os sistemas federais e estaduais, alertou Deven Upadhyay, gerente interino da agência.
Fonte: Local 10