Os preços ao consumidor subiram 2,9% em dezembro em comparação com o ano anterior, refletindo um aumento em relação ao mês anterior e estendendo uma recuperação da inflação, apenas dias antes da posse do presidente eleito Donald Trump. Esse índice estava dentro das expectativas dos economistas.
Os novos dados chegam após um relatório de empregos, divulgado na semana anterior, mostrar um crescimento inesperado das contratações em dezembro, o que causou queda nos mercados de ações e aumento nos rendimentos dos títulos, em meio ao receio de que o Federal Reserve (Fed) possa adiar os cortes nas taxas de juros previstos para o futuro próximo.
Esse relatório de inflação pode dar ao Fed mais razões para adiar os cortes nas taxas de juros, já que o aumento persistente dos preços pode gerar preocupações de que a inflação suba ainda mais caso as taxas sejam reduzidas.
Em dezembro, a inflação anual foi de 2,9%, um aumento em relação aos 2,7% registrados no mês anterior. Já a inflação subjacente – que exclui alimentos e energia – subiu 3,2% no ano, com uma leve desaceleração em relação ao mês anterior.
Os preços dos alimentos subiram 2,5% em dezembro, ficando um pouco acima do aumento registrado no mês anterior, mas ainda assim com uma aceleração mais baixa do que a inflação geral. Entre os produtos que mais subiram de preço no mês passado estavam aluguel, passagens aéreas, carros usados e novos, seguros de veículos e cuidados médicos. Por outro lado, os preços de produtos de cuidados pessoais, bebidas alcoólicas e diversos alimentos, como pão branco, frutos do mar e sorvete, caíram.
O preço dos ovos, em particular, disparou devido à gripe aviária, que dizimou a oferta nos últimos meses. Em dezembro, os ovos custaram 36% a mais do que no ano passado, segundo os dados.
Embora a inflação tenha diminuído drasticamente desde o pico de mais de 9% em junho de 2022, os aumentos de preços ainda estão acima da meta de 2% do Fed. Nos últimos meses de 2024, o Fed começou a reduzir as taxas de juros em 1 ponto percentual, mas a taxa continua historicamente alta, variando entre 4,25% e 4,5%.
O Fed já indicou preocupação com o ressurgimento da inflação no final de 2024 e previu menos cortes nas taxas de juros em 2025 do que o esperado anteriormente. O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou em uma coletiva de imprensa em dezembro que o banco central pode reduzir as taxas de juros de forma mais gradual, em parte devido ao fato de já ter feito uma redução substancial.
Powell também observou que a recente recuperação da inflação influenciou as expectativas do Fed, com alguns membros do banco expressando incerteza sobre as mudanças de políticas sob a administração de Trump. "É um pensamento lógico que, quando o caminho é incerto, você fica um pouco mais lento", afirmou Powell. "Não é diferente de dirigir em uma noite nevoenta ou andar em um quarto escuro cheio de móveis."
Trump propôs tarifas de 60% a 100% sobre produtos chineses e um imposto de 10% a 20% sobre todos os produtos importados de parceiros comerciais dos EUA. Economistas acreditam amplamente que essas tarifas aumentariam os preços pagos pelos consumidores americanos, já que os importadores tendem a repassar uma parte do custo adicional para os consumidores.
Fonte: ABC