Trump promete perdoar manifestantes de 6 de janeiro em primeiro dia de mandato
Trump também afirmou, em entrevista ao "Meet the Press", que os membros da comissão do 6 de janeiro deveriam ser presos
Na sua primeira entrevista de TV desde sua vitória eleitoral, o presidente eleito Donald Trump discutiu várias de suas promessas de campanha, incluindo questões sobre imigração, saúde e seus planos para o Departamento de Justiça, em uma conversa com a NBC News.
Trump reforçou uma de suas promessas mais polêmicas, afirmando que perdoará as pessoas presas por sua participação no ataque ao Capitólio, ocorrido em 6 de janeiro, logo no seu primeiro dia de governo.
"Primeiro dia. Sim, estou buscando esses perdões", disse Trump à jornalista Kristen Welker, do programa "Meet the Press". Ele criticou as condições de prisão dos envolvidos e argumentou que muitos deles se declararam culpados por não terem outra escolha. "Olha, eu conheço o sistema. O sistema é muito corrupto. Eles dizem para o cara: 'Você vai para a prisão por dois anos ou 30 anos'. E esses caras estão vendo suas vidas destruídas", disse Trump. "Sim, eu vou analisar tudo. Vamos olhar caso a caso", completou.
De acordo com o Departamento de Justiça, mais de 1.500 pessoas foram presas ou acusadas em conexão com os eventos de 6 de janeiro, e quase 900 delas se declararam culpadas.
Trump, que sempre fez da libertação dos presos do 6 de janeiro um tema central em sua campanha, prometeu liberá-los como uma de suas primeiras ações como presidente, frequentemente mencionando-os em seus comícios.
Além de atacar Biden e Smith, Trump também fez duras críticas à comissão da Câmara dos Representantes que investiga o ataque de 6 de janeiro, sugerindo que seus membros deveriam ser presos.
"[A ex-deputada Liz] Cheney estava por trás disso. Benny Thompson também, e todo mundo daquela comissão, honestamente, eles deveriam ir para a cadeia”. Porém, Trump tentou se distanciar de uma possível ação direta sobre isso, quando questionado se iria mandar os membros da comissão para a prisão. "Acho que terão que analisar isso. Mas eu não vou. Vou focar no 'Drill, baby, drill' [programa de exploração de petróleo]", disse Trump.
Em resposta, Liz Cheney criticou as declarações de Trump, dizendo que eram uma "continuação de seu ataque ao Estado de Direito e aos fundamentos de nossa república".
"Não há nenhum fundamento factual ou constitucional para o que Trump está sugerindo – uma investigação do Departamento de Justiça sobre o trabalho de uma comissão do Congresso – e qualquer advogado que tente seguir esse caminho rapidamente se envolveria em conduta passível de sanção", afirmou Cheney.
Dado que Trump tem repetido essas ameaças durante toda sua campanha e agora durante a transição, Biden está considerando conceder perdões preventivos a algumas das pessoas que enfrentam a ira de Trump, incluindo Cheney, o senador eleito democrata Adam Schiff, que fez parte da comissão sobre o 6 de janeiro, e o ex-diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Dr. Anthony Fauci, que foi muito criticado pela resposta do governo à pandemia de COVID-19.
Questionado sobre esses possíveis perdões de Biden, Trump respondeu: "Talvez ele devesse".
"Biden pode dar o perdão se quiser. E talvez devesse", disse Trump, continuando a atacar a investigação que os envolvia.
Fonte: ABC