Relatório policial detalha alegações de abuso sexual contra indicado para Secretário de Defesa
Pete Hegseth, personalidade da Fox News e indicado do presidente eleito Donald Trump para o cargo de Secretário de Defesa, afirmou à polícia na época que o encontro foi consensual
Uma mulher disse à polícia que foi agredida sexualmente por Pete Hegseth em 2017, depois que ele pegou seu telefone, bloqueou a porta de um quarto de hotel na Califórnia e se recusou a deixá-la sair, segundo um relatório investigativo detalhado divulgado na noite de quarta-feira (20).
Hegseth, personalidade da Fox News e indicado do presidente eleito Donald Trump para o cargo de secretário de Defesa, afirmou à polícia na época que o encontro foi consensual e negou qualquer ato impróprio, segundo o relatório.
A notícia das alegações surgiu na semana passada, quando autoridades locais divulgaram uma breve declaração confirmando que uma mulher havia acusado Hegseth de abuso sexual em outubro de 2017, após ele ter falado em um evento de mulheres republicanas em Monterey.
O advogado de Hegseth, Timothy Parlatore, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário na manhã de quinta-feira (21).
O relatório policial de 22 páginas, obtido pelo site Mediaite.com e outros veículos, foi divulgado em resposta a um pedido de acesso a registros públicos e oferece a primeira descrição detalhada do que a mulher alegou ter ocorrido, relato que contradiz a versão de Hegseth dos acontecimentos.
O relatório cita entrevistas policiais com a suposta vítima, uma enfermeira que a atendeu, um funcionário do hotel, outra mulher que estava no evento e Hegseth.
Uma porta-voz da equipe de transição de Trump disse na manhã de quinta-feira que o "relatório corrobora o que os advogados de Hegseth disseram o tempo todo: o incidente foi totalmente investigado e nenhuma acusação foi formalizada porque a polícia considerou as alegações falsas."
A polícia recomendou que o relatório do caso fosse encaminhado para o escritório do Promotor Público do Condado de Monterey para revisão.
Investigadores foram alertados para o suposto abuso, conforme o relatório, por uma enfermeira que ligou para a polícia após uma paciente solicitar um exame de abuso sexual. A paciente disse aos profissionais médicos que acreditava ter sido agredida cinco dias antes, mas não se lembrava muito bem do que havia acontecido. Ela informou que algo pode ter sido colocado em sua bebida antes de acabar no quarto de hotel, onde alegou que o abuso ocorreu.
A polícia coletou o vestido e a lingerie não lavados que ela usou naquela noite, segundo o relatório.
O parceiro da mulher, que estava hospedado no hotel com ela, disse à polícia que estava preocupado com ela naquela noite, pois ela não voltou para o quarto deles. Às 2 da manhã, ele foi até o bar do hotel, mas ela não estava lá. Ela voltou algumas horas depois, se desculpando e dizendo que "deve ter adormecido." Alguns dias depois, ela contou a ele que havia sido agredida sexualmente.
A mulher disse à polícia que tinha visto o apresentador de TV agindo de maneira inadequada durante toda a noite e que o viu acariciando as pernas das mulheres. Ela mandou uma mensagem a uma amiga dizendo que Hegseth estava passando uma "vibe de tarado", de acordo com o relatório.
Um grupo de pessoas, incluindo Hegseth e a mulher, saiu para o bar do hotel. Foi nesse momento que "as coisas ficaram confusas", disse a mulher à polícia.
Ela se lembrava de ter bebido no bar com Hegseth e outros, conforme o relatório policial. Ela também disse à polícia que discutiu com Hegseth perto da piscina do hotel, relato que foi corroborado por um funcionário do hotel, designado para lidar com a confusão e que falou à polícia, segundo o relatório.
Logo depois, a acusadora disse à polícia que estava dentro de um quarto de hotel com Hegseth e ele pegou seu telefone e bloqueou a porta com o corpo, para que ela não pudesse sair, conforme o relatório. Ela também relatou à polícia que se lembrava de "dizer 'não' várias vezes", segundo o relatório.
Sua próxima lembrança foi de estar deitada em um sofá ou cama com Hegseth sobre ela, sem camisa, com suas medalhas militares pendendo sobre ela, conforme o relatório. Hegseth serviu na Guarda Nacional, atingindo o posto de major.
Depois que ela afirmou que Hegseth ejaculou em seu estômago, ela se lembrou dele perguntando se ela estava "bem", segundo o relatório. Ela contou à polícia que não se lembrava de como voltou para seu próprio quarto de hotel e desde então tem sofrido de pesadelos e perda de memória.
Já Hegseth disse à polícia que foi a uma festa após o evento e tomou cerveja, mas não consumiu "bebidas alcoólicas fortes" e reconheceu que estava "alegre", mas não bêbado, conforme o relatório policial.
Ele disse aos investigadores que conheceu a mulher no bar do hotel e que ela o levou pelo braço até seu quarto de hotel, o que o surpreendeu, pois ele inicialmente não tinha intenção de ter relações sexuais com ela, conforme o relatório.
Hegseth disse aos investigadores que o encontro sexual que se seguiu foi consensual, acrescentando que perguntou mais de uma vez se ela estava confortável. Hegseth afirmou que, na manhã seguinte, a mulher "mostrou sinais iniciais de arrependimento" e ele a assegurou de que não contaria a ninguém sobre o ocorrido.
O advogado de Hegseth, Timothy Parlatore, disse à CBS News que Hegseth pagou um acordo financeiro confidencial para uma mulher que o acusou de agressão sexual, com o objetivo de evitar que a alegação resultasse em sua demissão da Fox News.
Parlatore disse que Hegseth firmou o acordo para dissuadir a acusadora de entrar com uma ação judicial, mantendo que ele é inocente e que o encontro sexual foi consensual. Hegseth nega qualquer irregularidade.
Fonte: CBS News