Presidente do Banco Central dos EUA afirma: "Chegou a hora de cortar os juros"

No esperado discurso do simpósio de Jackson Hole, presidente do Fed afirma que sua confiança cresceu de que a inflação nos EUA está a caminho de 2%

Por Lara Barth

Jerome Powell, Presidente do Fed

Durante uma grande conferência de economia anual, o presidente do banco central norte-americano (Fed), Jerome Powell, disse nesta sexta-feira (23) que chegou a hora de ajustar a política monetária.

A forte declaração é mais um indício do corte de juros na reunião do Fomc (Federal Open Market Comitee) em setembro.

“Chegou a hora de ajustar a política. Minha confiança cresceu de que a inflação está a caminho de 2%”, disse Powell na abertura do seu esperado discurso no simpósio econômico de Jackson Hole, no Wyoming. “Os riscos de alta para a inflação diminuíram e os riscos de baixa para o desemprego aumentaram.”

Os juros americanos estão no maior patamar em mais de 20 anos, entre 5,25% e 5,50% ao ano. E havia expectativa desde o início do ano para o momento em que o Fed fosse iniciar o ciclo de redução das taxas.

Depois de vários adiamentos por conta dos dados mais fortes de inflação e atividade da economia americana, o mercado de trabalho dos EUA começou a mostrar um desaquecimento no início deste mês e os resultados de inflação voltaram a mostrar que os preços estão mais comportados.

Powell disse ainda que parece improvável que o mercado de trabalho seja uma fonte de pressões inflacionárias elevadas tão cedo. Segundo o presidente do Fed, o momento e o ritmodos cortes de juros vão depender dos dados, das perspectivas e do balanço de riscos.

Em seu discurso, Powell afirmou que o foco principal do Fomc tem sido reduzir apropriadamente a inflação. Ele lembrou que, do recente episódio de aceleração dos preços, a maioria dos americanos vivos ainda não havia experimentado a dor da alta inflação por um período prolongado.

“A inflação trouxe dificuldades substanciais, especialmente para aqueles menos capazes de arcar com os custos mais altos de itens essenciais como alimentação, moradia e transporte. A alta inflação desencadeou estresse e uma sensação de injustiça que perduram até hoje”, reconheceu.

Mas ele destacou que a política monetária restritiva praticada pelo Fed ajudou a restaurar o equilíbrio entre oferta e demanda agregadas, aliviando as pressões inflacionárias e garantindo que as expectativas de inflação permanecessem bem ancoradas.

“A inflação está agora muito mais próxima do nosso objetivo, com os preços subindo 2,5% nos últimos 12 meses. Após uma pausa no início deste ano, o progresso em direção ao nosso objetivo de 2% foi retomado. Minha confiança cresceu de que a inflação está em um caminho sustentável de volta a 2%.”

Sobre emprego, Powell afirmou que, hoje, o mercado de trabalho esfriou consideravelmente de seu estado anteriormente superaquecido. “A taxa de desemprego começou a subir há mais de um ano e agora está em 4,3% – ainda baixa para os padrões históricos, mas quase um ponto percentual acima do nível do início de 2023”, comparou.

O presidente do Fed citou ainda que a maior parte desse aumento ocorreu nos últimos seis meses. “Até agora, o aumento do desemprego não foi resultado de demissões elevadas, como normalmente é o caso em uma crise econômica. Em vez disso, o aumento reflete principalmente um aumento substancial na oferta de trabalhadores e uma desaceleração do ritmo frenético de contratações anteriormente. Mesmo assim, o arrefecimento das condições do mercado de trabalho é inconfundível.”

Fonte: Infomoney