Para muitos negros que vivem nos Estados Unidos, o tiroteio em Buffalo, Nova York, despertou novamente o medo de ser vítima da violência racial. O atirador, Payton Gendron, 18, dirigiu 320 quilômetros de sua cidade natal de Conklin, Nova York, até Buffalo, depois de procurar e atacar especificamente um bairro predominantemente negro.
O tiroteio aconteceu em um supermercado da rede Tops Markets tirou a vida de 10 pessoas e deixou outras três feridas. Ele está sendo investigado como um "caso de extremismo violento com motivação racial", informou o FBI. Das 13 vítimas alvejadas, 11 eram negras e duas eram brancas.
O atirador usava roupas de estilo militar, foi preso e está sob custódia da polícia. Ele estava fortemente armado com equipamentos táticos, incluindo um capacete tático e um colete à prova de balas. Ele estava armado com um rifle de alta potência.
Autoridades estiveram na residência do autor do massacre. Segundo John J. Flynn, promotor público do condado de Erie, havia “certas evidências” que indicam “animosidade racial” no crime. No entanto, o promotor não detalhou quais eram essas evidências.
Já o xerife do condado de Erie, John C. Garcia, declarou, em coletiva de imprensa, que trata-se de “um crime de ódio com motivação racial direta”.
Transmissão ao vivo
O atirador usava uma câmera durante o crime. Autoridades informaram que ele transmitiu o tiroteio ao vivo no Twitch — um popular serviço de streaming de vídeo ao vivo de propriedade da Amazon, usado principalmente por gamers.
Procurada, o Twitch disse que retirou do ar a transmissão. Em um comunicado, uma porta-voz do Twitch disse que o site “tem uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de violência e trabalha rapidamente para responder a todos os incidentes. O usuário foi suspenso indefinidamente de nosso serviço e estamos tomando todas as medidas apropriadas, incluindo o monitoramento de quaisquer contas que estejam retransmitindo este conteúdo".
Um documento de 180 páginas, supostamente escrito por Gendron, dá planos para o ataque e faz referências a outros tiroteios racistas e a Roof. O documento também descreve uma ideologia racista enraizada na crença de que os EUA deveriam pertencer apenas aos brancos. Todos os outros, dizia o documento, eram “substitutos” que deveriam ser eliminados pela força ou pelo terror. O ataque pretendia intimidar todas as pessoas não brancas e não cristãs e levá-las a deixar o país, disse.
Violência racial e étnica
Os negros suportaram e continuam a suportar o peso de grande parte da violência racial e étnica, mas outros grupos também foram alvo de ataques por causa de sua raça, incluindo latinos no tiroteio de 2019 em um Walmart em El Paso, Texas, onde 22 pessoas foram mortas.
Homens armados com preconceitos contra religião e orientação sexual também realizaram violência direcionada: os tiroteios em uma sinagoga de San Diego em 2019 e em uma boate gay em Orlando, em 2016.
No domingo, 15, outro tiroteio matou uma pessoa e feriu gravemente outras quatro em uma igreja na cidade de Laguna Woods, na Califórnia. De acordo com o xerife do condado de Orange, perto de Los Angeles, um suspeito foi detido e a polícia apreendeu a arma utilizada no crime. Ainda não está clara a motivação do crime. Com informações da Associated Press.