Entrar para uma universidade nos Estados Unidos é o sonho de muitos jovens. Mas do processo de inscrição, para a seleção e a conquista da vaga há um caminho a ser percorrido.
Assim como acontece no ENEM no Brasil, a maioria das universidades americanas utiliza a nota do SAT (Scholastic Aptitude Test ou Teste de Aptidão Escolar), para aprovar o estudante. Além dessa prova, o aluno estrangeiro também precisa fazer o teste de proficiência de línguas TOEFL - Test of English as a Foreign Language ou Teste de Inglês como Língua Estrangeira, que é essencial, já que o curso é ministrado totalmente em inglês, sem tradução.
Muita pesquisaO estudante Bruno Andrade, de Salvador (BA), foi aprovado no ano passado para o curso de Artes Cênicas na University of Nebraska-Lincoln. Em entrevista ao Gazeta News, ele contou sobre o processo que envolveu meses de pesquisa: de dezembro de 2019 a abril de 2020, quando se matriculou oficialmente.
Tão logo foi aceita a inscrição, ele teve que fazer o exame que testa o conhecimento da língua inglesa. "O primeiro passo que a minha faculdade escolhida exigiu foi realizar o TOEFL, um teste de proficiência em inglês. Em seguida, tive que traduzir o meu histórico escolar do ensino médio e enviar para eles. A partir disso, eles me ofereceram uma bolsa e começamos a me matricular oficialmente", conta o estudante que hoje faz o terceiro semestre.
Ao todo, ele conta que o curso tem o custo de $30.000, mas conseguiu desconto de $10,000. "Realizar a prova do SAT não é essencial, mas uma boa nota no mesmo irá aumentar qualquer chance de bolsa acadêmica oferecida", ressalta.
Entender o processoProfessora da Downtown Doral Charter Elementary School, Ana Paula Laks diz que a família e aluno buscarem entender o processo é fundamental.
"Acho que algumas das dificuldades incluem entender como funciona o processo de admissão às faculdades - certificar-se de que todos os créditos das escolas estrangeiras sejam avaliados e aplicados corretamente ao histórico escolar do ensino médio para que esteja pronto para as inscrições; e finalmente o fato de que os alunosfamílias podem não ser elegíveis para auxílio financeiro e, portanto, as famílias precisam estar dispostas a pagar mais do que a média de um aluno", analisa.
Sobre o mais importante para um bom desempenho na aceitação em uma universidade americana, ela ressalta que fazer cursos difíceis e desafiadores e ter boas notas neles. Além de explicar na entrevista ou no processo de seleção por que decidiu fazer uma graduação nos EUA.
Nos EUA, a prova é apenas uma parte do processo. "As principais provas como o SAT e ACT não aprovam ou desaprovam. Elas são uma chancela de como o aluno se encontra academicamente. O GPA é um outro indicador importante. Ele retrata o desenvolvimento acadêmico do aluno ao longo dos anos. Mas nota não é tudo. As universidades buscam alunos completos. O que faz as atividades extracurriculares ganharem muita importância", afirma a Math1, plataforma de aulas online para preparação de brasileiros para o vestibular dos EUA.
Outra grande preocupação se refere ao preço das Universidades. "Aqui a Educação básica é gratuita mas as universidades são pagas. Por isso a importância de fazer uma boa aplicação para pleitear também uma bolsa de estudos".
Inglês e matemáticaA preparação de brasileiros para entrar em uma universidade dos EUA passa pela aprendizagem do inglês, essencial para entender inclusive a matemática, por exemplo, que é diferente.
"Quanto mais cedo o estrangeiro consegue romper essa barreira da língua, mais chance de sucesso ele tem. Mas essa não é a única dificuldade. Na matemática por exemplo, a abordagem é bem diferente daquela feita no Brasil. Quando algum indicador cresce de forma linear, no Brasil é retratado como uma reta perfeita, mas aqui é retratado por uma sequência de pontos que se aproximam de uma reta. Isso me agrada porque é muito mais próximo da realidade. Quando esse estudante estiver no mercado de trabalho, são dados como esses que ele precisará analisar", explica a Math1.
"Ter boas notas no ensino médio, estudar inglês e fazer trabalhos voluntários"
A estudante Caroline Louredo da Silva, 21 anos, que entrou no Valencia College em Orlando em 2018, e hoje cursa Enfermagem na Advent Health University também em Orlando, ainda estava no ensino médio no Rio de Janeiro quando começou a pesquisar para estudar no exterior e optou pela graduação na Flórida.
Para ela, antes de tudo, uma boa pesquisa é essencial. Em seguida, manter comunicação com a faculdade e seguir todos os passos relacionados à inscrição.
"No geral, o processo é até mais tranquilo do que parece. Não é um bicho de sete cabeças como as pessoas acham. Se você seguir todos os passos e entrar em contato com universidade, tudo é explicado de forma clara", afirma.
Conversar com pessoas que já estudam na universidade também é bom, cita a estudante, que descobriu e teve o apoio de um amigo que já estava estudando na universidade e também de uma brasileira que trabalhava na instituição.
Outra dica é se dedicar nas aulas e notas desde o ensino médio, mesmo estando no Brasil. "Fazer um bom ensino médio conta muito. Estudar inglês também é importante. É bom já ter um inglês avançado a fluente. Porque as aulas são todas em inglês, então você vai se sair melhor se já souber. Vale a pena investir em curso de conversação antes, por exemplo".
Assim como Andrade, ela também fez o TOEFL. "Estudei em casa mesmo pegando muito material sobre o exame na internet". Dependendo da universidade, eles têm o próprio exame de inglês e não precisa do TOEFL, mas eu recomendo porque com ele você consegue eliminar algumas aulas de inglês no início do curso e acaba economizando um pouco também".
Currículo escolar: "não adianta ser só um bom aluno, ter boas notas. Conta muito também fazer trabalhos voluntários, fazer parte de algum clube ou associação escolar, etc. É você tomar iniciativa dentro do seu espaço escolar. Ter atividades extracurriculares para colocar no currículo, assim como trabalho também. Tudo isso conta pro seu nível de experiência e maturidade, é muito importante", ressalta.
Durante o curso de que fez no College, ela fez parte do Vallence Intercultural Students Association, que trabalha justamente as diferentes culturas e línguas dos alunos estrangeiros na escola. Além disso, atuou como líder estudantil. "Você expande sua capacidade de comunicação, tem experiências fora da sala de aula que vão te ajudar muito na carreira. Foi o que eu fiz e tudo isso contou muito para minha entrevista para o curso de Enfermagem que faço hoje na Advent Health University em Orlando.