Orgulho, no sentido coletivo, é um sentimento de satisfação com as realizações de outras pessoas com quem se tem algum vínculo ou identidade. A construção do orgulho coletivo, assim, passa pelo conhecimento que o grupo tem da própria trajetória. Nesta, segunda-feira (19), quando se celebra o Dia do Orgulho Lésbico, pesquisadoras falam sobre o seu trabalho para ampliar os significados dessa identidade sexual e política.
A data é sempre lembrada pelo episódio histórico do Ferro's Bar, estabelecimento na região boêmia do centro de São Paulo, que foi palco de um ato de mulheres lésbicas em 1983. O local tinha virado uma referência para essa comunidade, que viu nascer ali uma organização política das frequentadoras. Um dos símbolos do movimento era a circulação do boletim Chanacomchana, que teve a venda proibida pelos proprietários do bar. Nasceu assim a manifestação mais famosa protagonizada por lésbicas no país.
Nos dias atuais, além da militância nas ruas e nas plataformas digitais, grupos de pesquisadoras lésbicas têm investido forças na produção de conhecimento, nas disputas de memória e na ocupação de espaços acadêmicos. Elas compartilham vivências intelectuais e combatem o silenciamento e a invisibilidade que sempre foram o padrão nesses ambientes.
É o caso de Paula Silveira-Barbosa, de 28 anos, graduada e mestre em Jornalismo. Ela começou os estudos sobre imprensa alternativa, até descobrir fontes sobre a imprensa lésbica dos anos 1980. O tema foi levado para o mestrado, quando analisou a história das publicações e o que elas podiam trazer de legado para o jornalismo no geral. A pesquisa virou livro e foi semifinalista do Prêmio Jabuti Acadêmico.